
Aplicação de Botox (toxina botulínica) nos lábios faz algum sentido?
A toxina botulínica, popularmente conhecida como Botox, é amplamente associada ao tratamento de rugas e linhas de expressão. O mito da aplicação de Botox nos lábios com o objetivo de preenchimento está bastante difundido na comunicação social e é falso. Na verdade, o material de preenchimento labial mais utilizado é o ácido hialurónico. Este, quando corretamente aplicado, pode oferecer um efeito muito bonito e natural nos lábios.
O Botox pode, de facto, ser aplicado na região perioral, sobretudo para suavizar as rugas e linhas de expressão em volta da boca (“código de barras”) ou para levantar os cantos da boca (técnica conhecida como “lip flip”), criando uma pequena ilusão de lábios mais volumosos ao levantar o lábio superior. No entanto, importa esclarecer que o Botox nos lábios não tem como objetivo aumentar o volume, mas sim modificar subtilmente a expressão ou corrigir assimetrias.
Esta técnica é segura e eficaz, mas apenas quando aplicada por um profissional experiente e qualificado.
Substâncias naturais são melhores que as substâncias químicas?
A ideia de que “natural é sempre melhor” tornou-se muito comum, especialmente em produtos alimentares, cosméticos e medicamentos; mas essa perceção pode não ser necessariamente sempre verdade.
Substâncias naturais podem ser benéficas, mas também podem ser perigosas; tome-se como exemplo a cicuta, o veneno de cobra ou certos cogumelos, que são naturais, mas altamente tóxicos.
Por outro lado, substâncias químicas (ou sintéticas) são frequentemente percebidas com desconfiança, embora a maioria passe por testes rigorosos de segurança e eficácia. Um exemplo são os antibióticos, que conseguimos isolar com modernas técnicas de bioquímica, sendo que estes são produzidos por outros seres vivos. Quando aplicados corretamente, são extremamente seguros e necessários para o ser humano.
Alguns componentes aos quais normalmente atribuímos significado “mau” são muito seguros. A água, o oxigénio e até as vitaminas são todos substâncias químicas, independentemente da sua origem. O importante não é tanto a origem da substância, mas sim a sua composição, a dose e a forma como é usada. Demonizar o “químico” e endeusar o “natural” pode levar a escolhas mal informadas. É essencial olhar para a evidência científica e confiar em fontes seguras, como profissionais de saúde, para uma decisão consciente. Afinal, em ciência, o rótulo importa menos do que a substância em si!
Os cremes antirrugas conseguem realmente eliminar as rugas na totalidade?
Os cremes antirrugas são aliados populares nos cuidados da pele e suavizam alguns sinais de envelhecimento, mas é importante esclarecer: eles não eliminam completamente as rugas! Estes produtos atuam principalmente na hidratação cutânea e na melhoria da textura e elasticidade da pele, atenuando linhas finas e retardando o aparecimento de marcas e manchas.
Recomendo assiduamente na minha consulta alguns ingredientes como retinol, ácido hialurónico, vitamina C e peptídeos, na procura de uma pele mais jovem e luminosa. No entanto, as rugas mais profundas, causadas pela perda natural de volume e colagénio, apenas desaparecem totalmente com a aplicação de procedimentos injetáveis em Medicina Estética: toxina botulínica (Botox®), ácido hialurónico ou bioestimuladores de colagénio, por exemplo.
Por isso, é essencial alinhar as expectativas e entender que os cremes antirrugas são valiosos parceiros dos procedimentos médicos.
A toma de medicamentos elimina ou diminui o efeito de medicamentos anticoncetivos?
Esta questão tem sido frequentemente colocada nas minhas consultas e é uma ideia muito difundida, gerando dúvidas e insegurança entre muitas mulheres.
Existem antibióticos que podem influenciar a eficácia dos anticoncecionais, entre os quais a rifampicina e a rifabutina. Estes antibióticos são comummente utilizados no tratamento da tuberculose e outras infeções e, ao acelerar o metabolismo no fígado das hormonas presentes no anticoncetivos, podem reduzir o efeito pretendido. A grande maioria dos restantes antibióticos não influencia a pílula ou outros métodos anticoncecionais.
Outros medicamentos, como anticonvulsivantes ou antirretrovirais também podem interferir na eficácia dos anticoncetivos. O ideal será sempre informar-se com o seu médico para garantir um correto aconselhamento e orientação personalizada.
Um artigo do médico Ricardo Moutinho Guilherme, especialista em Medicina Geral e Familiar e especializado em Medicina Estética e Antienvelhecimento na ClínicaLab – Cascais.
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