Diz o presidente da ACPP (Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal) que “o caminho para se chegar a chef leva tempo, muito trabalho e experiência”. Numa altura em que proliferam workshops de sushi para todos os gostos, é importante perceber que quem trabalha a nível profissional com esta especialidade nipónica tem de saber muito sobre a preparação do arroz, o corte do peixe ou a eliminação das bactérias. É que o sushi e o sashimi são muito simples de fazer, mas simultaneamente muito difíceis. ´”É só cortar, mas não dá para disfarçar”, adianta o especialista japonês.

“A ACPP tem um projecto de certificação de cozinheiros. Por outro lado, alguns sushimen mostraram interesse em ser certificados. Fizemos uma parceria com a AJSA e o que queremos é formar um modelo que funcione em qualquer país”, esclarece Fausto Airoldi. A formação inclui testes teóricos e práticos e é aberta a todos, principalmente quem já tem alguma prática de sushi, e engloba todos os patamares para se chegar a sushimaster – o que pode significar 7 anos de formação. Os contactos da ACPP com a WACS (World Associtations of Chef’s Society) já estão em andamento para que o modelo possa resultar depois noutros países.

A propósito desta iniciativa, a ACPP trouxe a Portugal Masayoshi Kasato, mestre em sushi com décadas de experiência e director executivo da AJSA - All Japan Sushi Association. O especialista orientou uma Masterclass para profissionais do sector e considera “interessante” a ideia de certificar a profissão. “Portugal, tal como o Japão, dá muito valor à qualidade das matérias-primas, sem condimentar em demasia”, revelou Kasato ao Sabores.  Mais uma vez, o tempo de formação é encarado como fundamental para se ser um bom sushi master. Inquirido sobre quantos anos são necessários para se chegar ao topo, o director da AJSA respondeu: “o peixe é diferente em cada estação e tem diferentes formas de ser tratado. Um mestre tem de passar várias vezes por cada peixe, para experimentar e conhecer. Eu diria que uns 10 anos”.

Além de tempo, é preciso algum investimento no material. Kasato, por exemplo, costuma usar 10 facas japoneses só de um gume para preparar o seu suhi e sashimi. A sua preferida tem 38 anos e custou-lhe, na altura, cerca de 300 euros, o equivalente ao dobro do seu salário.