A 22 de novembro (18h30), a cidade de Toledo, Património Mundial da Humanidade desde 1986, acolhe a cerimónia de entrega das estrelas do Guia Michelin Portugal e Espanha 2023. Momento que vai reunir no Palácio de Congressos El Greco, centenas de chefs, entre outros convidados. Uma noite que traz, como em momentos anteriores, expetativas face à conquista de novas estrelas, o reiterar das estrelas já conquistadas ou a concretização da ascensão às tão desejadas três estrelas.
O evento, que pode ser acompanhado em direto aqui, contará com a coordenação dos chefs Fran Martínez (restaurante Maralba, em Almansa) e Ivan Cerdeño (restaurante Iván Cerdeño, em Toledo), ambos com duas estrelas Michelin. Para 2023, o Guia Michelin continuará a colocar o acento tónico na questão da sustentabilidade, com a atribuição de estrelas verdes (Esporão e Il Gallo d'Oro) iniciada há dois anos a restaurantes comprometidos com a gastronomia sustentável e o futuro do planeta.
Fonte do Guia Michelin disse à Lusa que este será “um ano histórico” para Portugal. A organização da publicação adiantou à agência de notícias espanhola EFE que, na edição de 2023, haverá “muitas estrelas”, que estarão “muito distribuídas, tanto em grandes cidades como em localidades mais pequenas” dos dois países.
Regressam as estrelas verdes, pelo terceiro ano consecutivo, uma iniciativa do Guia Michelin para reconhecer o compromisso com a sustentabilidade. Em 2022, foram atribuídas aos portugueses Il Galo d’Oro (Funchal, duas estrelas Michelin) e Esporão (Reguengos de Monsaraz, uma estrela).
Os prémios que distinguem um chef mentor e um jovem cozinheiro, lançados na anterior edição, voltam a ser entregues, e este ano há, como novidade, um galardão que destaca o trabalho da sala para se alcançar uma experiência gastronómica perfeita. Para atribuir as estrelas aos restaurantes, os inspetores, que trabalham de forma anónima, valorizam a qualidade dos produtos, o domínio dos pontos de cozinha e das texturas, o equilíbrio e harmonia dos sabores, a personalidade da cozinha e a regularidade.
Na espanhola Valência, há perto de um ano, Portugal viu anunciados os galardões mais desejados do mundo da restauração. Um ano que correu de boa feição ao nosso país, com cinco novos restaurantes lusos a arrecadaram uma estrela Michelin. Momento para Portugal também se estrear com dois restaurantes na Estrela Verde, a da sustentabilidade.
Ao palco valenciano subiram no ano transato os estreantes Al Sud - Louis Anjos (Lagos), A Ver Tavira - Luís Brito (Tavira), Cura - Pedro Pena Bastos (Lisboa), Esporão - Carlos Teixeira (Reguengos de Monsaraz), Vila Foz - Arnaldo Azevedo (Porto).
O nosso país passou a contar com um total de 40 estrelas Michelin (mais cinco face ao ano anterior), repartidas por sete restaurantes com duas estrelas (“uma cozinha excecional, vale a pena o desvio”) e 26 estabelecimentos com uma estrela (“uma cozinha de grande fineza, compensa parar”).
Para 2023, mantém-se no ar a sempre presente questão da estreia de um restaurante português nas três estrelas Michelin. Entre os eternos prometidos às três estrelas, encontramos o Belcanto, de José Avillez (Lisboa), o Ocean, de Hans Neuner (Alporchinhos), o Vila Joya, de Dieter Koschina (Albufeira) e o The Yeatman, de Ricardo Costa (Vila Nova de Gaia).
Ainda no que respeita ao elevador Michelin da primeira para a segunda estrela, um dos sempre presentes nomes para a ascensão é o restaurante Feitoria - André Cruz (Lisboa). A não desmerecer a oportunidade de alcançar a dupla de estrelas estão os restaurantes Eleven, de Joachim Koerper (Lisboa) e o Fifty Seconds -Martín Berasategui (Lisboa).
No que toca a estreias Michelin, o nome de Marlene Vieira baila há algumas semanas no ar. Seria a oportunidade para Portugal levar ao pódio da Michelin uma chef nacional. Há, contudo, a considerar que o Marlene, restaurante de autor em Lisboa da chef nortenha, abriu em abril último, o que pode ser um ponto a desfavor para ascensões meteóricas. Também sobre o restaurante Ó Balcão (Santarém) de Rodrigo Castelo pende alguma expectativa, depois de no ano transacto a subida à primeira estrela Michelin ter sido dada quase como consumada, o que não se verificou.
Ainda no que respeita a estrelas, neste caso as verdes, a que premeiam a sustentabilidade, prefiguram-se como bons candidatos, os restaurantes Arkhe (Lisboa), com a cozinha entregue a João Ricardo Alves, e o Encanto, o restaurante vegetariano de José Avillez (Lisboa).
Toledo sucede a Valência na apresentação da Gala Michelin, evento que já passou por cidades como Madrid, Barcelona, Marbelha, Girona ou Santiago de Compostela. A cidade de Lisboa acolheu o evento em 2018. Após a gala, será servida uma refeição, que irá destacar os produtos da região de Castela-A Mancha, coordenada pelos chefs de dois restaurantes locais, ambos com duas estrelas: Ivan Cerdeño (restaurante Iván Cerdeño) e Fran Martínez (Maralba).
Portugal tem restaurantes no guia Michelin desde 1910, ano da primeira edição da publicação no nosso país. No ano de implantação da República chegavam às páginas do Michelin os restaurantes Santa Luzia (Viana do Castelo) e Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Em 1929, o nosso país contava com dois restaurantes com uma estrela, o Santa Luzia (Viana do Castelo) e o Hotel Mesquita (Vila Nova de Famalicão). Por sua vez, em 1936, Portugal tem o seu primeiro restaurante com duas estrelas, o Escondidinho, na Invicta. Em 1974, ano da Revolução, Portugal via quatro restaurantes galardoados com uma estrela: Portucale (Porto), Pipas (Cascais), Aviz e Michel (ambos em Lisboa).
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