“O aspeto tem de ser apetecível e bronzeado, sem estar queimado ou esmorecido. Há que haver o equilíbrio entre a massa, que deve ser bastante quebrada e o creme, que deve ´escorrer` do pastel, sem ter gostos excessivos a canela, limão, baunilha, ou outras essências”. É desta forma que o presidente do júri da prova O Melhor Pastel de Nata de Lisboa, o gastrónomo Virgílio Gomes, elenca as caraterísticas que fazem desta especialidade uma vencedora.
Atributos que, este 10 de abril, levaram ao primeiro lugar do pódio no Pavilhão Carlos Lopes, à Pastelaria Santo António, em Lisboa, naquela que foi a 11ª da competição que anualmente procura encontrar o melhor pastel de nata da capital. Em segundo lugar sagrou-se o pastel de nata da Aloma, seguindo, na terceira posição, pelo pastel da Pastelaria Patyanne (Castanheira do Ribatejo).
Logo após a entrega do prémio, João Santos, responsável pelo estabelecimento localizado próximo ao castelo de São Jorge, confidenciava ao SAPO Lifestyle que produzem “um pastel de nata clássico, sem segredo na receita. O que nos diferencia é a qualidade da matéria-prima aplicada, a experiência da equipa e o equipamento que instalámos”.
“É fácil produzir um pastel de nata vistoso quando se aplica muita massa folhada. Mais difícil é sustentar a qualidade com um bom creme. Há que haver equilíbrio entre os dois componentes”.
A Pastelaria Santo António abriu há dois anos e conta, para além do pastel de nata, “a estrela da casa”, como evidencia João, com “pastelaria fina. Somos uma equipa com experiência na restauração para a hotelaria e apostamos numa vertente da pastelaria menos vista nos estabelecimentos nacionais”. Uma dimensão que "atrai muito público estrangeiro, mas também os portugueses, que vão reconhecendo que a diferença é importante”, concluí.
Cada concorrente apresentou os seus pastéis de nata em embalagens não identificadas e os membros do júri efetuaram provas cegas, desconhecendo a identidade dos concorrentes. Um júri composto, para além do já citado presidente, com Domingos Soares Franco (produtor vinícola), Simonetta Luz Afonso (museóloga), Maria Urmal (chefe de cozinha), Luís Segadães (presidente do concurso Sete Maravilhas), Isabel Zibaia Rafael (bloguer e autora na área da gastronomia), João Bascuinho (médico).
Em 2019 chegaram à última etapa da prova 12 finalistas: Pastelaria Fidalgo’s (Moita), Pastelaria Batalha (Venda do Pinheiro), Pastelaria Aloma (Lisboa), Pastelaria Casa do Preto (Sintra), Pastelaria Panicoelho (Rinchoa), Pastelaria Pão da Ribeira (Lisboa), Pastelaria Patyanne (Castanheira do Ribatejo), Pastelaria Princesa do Vale (Pontinha), Pastelaria Santo António (Lisboa), Pastelaria Sena (Lisboa), Pastelaria Tulipa Dourada (Mem Martins), Pastelaria Viriato (Ramada).
Ainda de acordo com o gastrónomo Virgílio Gomes, "o Pastel de Nata é, seguramente, o doce português mais internacional. Talvez pela sua persistência em continuar a existir, suponho eu, desde a segunda metade do século XVI. É certo que a primeira receita escrita, e com a denominação de Pastelinhos de Natta, é de 1729 e oriunda do Convento de Santa Clara de Évora".
De recordar que em 2018, a décima edição do concurso, teve como vencedor o Mercado do Peixe. O segundo e terceiro lugares foram atribuídos à Pastelaria Fidalgo´s (Moita), seguindo, na terceira posição, pelo pastel da Pastelaria Batalha (Venda do Pinheiro).
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