Tem sido nos 50 hectares da Quinta da Gricha que, desde 1999, a Churchill's tem construído a sua história no que à produção própria de vinho do Porto e vinhos do Douro diz respeito. Esta nasceu em 1981 pela mão do enólogo Johnny Graham, a quinta geração da sua família a produzir vinhos na região, que tinha uma visão muito concreta para o vinho do Porto que queria produzir: um néctar licoroso dotado de mais frescura, mais seco, com mais acidez e mais estruturado. E foi na sub-região Cima Corgo, em pleno Vale do Douro que encontrou o local ideal para concretizar e criar um estilo mais pessoal de vinho do Porto e, anos mais tarde, vinhos DOC Douro.
O facto de estar virada a Norte, de ter alguma altitude e uvas de Classe A (a melhor qualidade no Douro), foram motivos suficientes para convencer o enólogo a adquirir, para efeitos de produção, a Quinta da Gricha. Apesar de datar de 1852, desconfia-se que a arte de fazer vinho começou algumas décadas antes, mais precisamente em 1820. “Acreditamos que construíram as cardanhas para os caseiros na altura e que já se plantavam uvas para fazer vinho”, explica Luís Vital, responsável pelos vinhos e enoturismo da quinta, sobre este terreno onde se destacam diferentes castas autóctones do Douro - brancas e tintas - que dão origem a vários produtos considerados premium, tanto em Portos como em vinhos DOC Douro, onde se incluem as referências Quinta da Gricha e Churchill's Estates Grafite.
Com o passar dos anos, as vinhas foram crescendo à volta da casa assim como esta pequena empresa familiar liderada por Johnny Graham que, apesar de contar com apenas 40 anos de história, não teve medo de enfrentar a concorrência de peso no Douro para criar aqueles que consideram vinhos de categoria premium e que, nos últimos anos, têm alcançado notoriedade no mercado. Prova disso é a atribuição do título de ‘Enólogo Vinhos Generosos 2022’, a Johnny Graham, pela Revista Grandes Escolhas.
Vinificação, onde a arte e a ciência se cruzam
“Podemos respeitar o passado mas sem viver nele”. As palavras foram proferidas pelo proprietário e são replicadas, durante a visita à Gricha Vineyard House por Luís Vital para explicar a produção de vinho do Porto. Tudo é feito de forma artesanal e com respeito pela tradição. “Todos os vinhos do Porto que produzimos têm a mínima intervenção. É uma vindima à moda antiga e muito tradicional porque o Sr. Graham acredita que esta é a melhor forma de o vinho do Porto se expressar”, refere o especialista sobre o processo de produção de vinho, que utilizada uvas da quinta e de pequenos produtores locais. Por exemplo, a seleção da uva é feita duas vezes e pisada a pé na sala dos lagares, onde a magia acontece. Aliás, a Quinta da Gricha é dos poucos locais onde, atualmente, o vinho do Porto ainda é feito inteiramente em lagares de granito que datam do século XIX capazes de armazenar 13 mil litros. “Ter toda a linha de vinhos do Porto com este tipo de produção já não é costume, normalmente são os Vintage, Late Bottled Vintage, os Tawny com indicação de idade”, explica.
Durante a vinificação, a equipa da pisa das uvas, a equipa de viticultura (responsável por abrir lagares e retirar vinho das lagariças para cubas de inox) e a equipa de enologia (responsável por fazer análises e a adição de água ardente) trabalham, literalmente dia e noite, para produzir cerca de 500 mil garrafas de vinho do Porto, e também DOC Douro, que todos os anos saem para o mercado. Durante um mês e meio, as etapas de produção repetem-se todos os dias sem parar. “Há uma pisa, que é o primeiro corte, que tem de ser feita por quatro horas seguidas sem parar. Fazendo as coisas de forma tão tradicional e com as leveduras indígenas, estas quatro horas são importantes para a fermentação começar de forma correta.”
Contrariamente às opções tradicionais, a fermentação mais longa é o segredo para o estilo mais fresco e menos doce do vinho do Porto da Quinta da Gricha, que combina o terroir único do Douro com os aromas de natureza e floresta do terreno. O envelhecimento é feito nas caves que a empresa tem em Vila Nova de Gaia, onde Johnny Graham, juntamente com o enólogo chefe Ricardo Pinto Nunes, irá definir o estilo e perfil de cada vinho. “Eu costumo dizer que o vinho é onde a arte e a ciência se encontram. É preciso muito conhecimento técnico, da vinha, biológico, mas depois é preciso aquela inspiração e intuição para decidir [o estilo adequado] e o que lhes vai na cabeça só eles é que sabem.”
Um convite ao relaxamento com experiências gastronómicas e vínicas
A Quinta da Gricha foi adquirida em 1999 especificamente para a produção de vinho, mas com os passar dos anos, fez sentido apostar num projeto de enoturismo em pleno Douro. Em 2017, o terreno ganhou uma nova vida ao abrir as suas portas ao público oferecendo uma verdadeira experiência a todos aqueles que pretendem aprofundar os seus conhecimentos sobre o mundo do vinho, da sua cultura e daquilo que a região oferece.
“É um sítio especial”, diz Luís Vital durante a receção e visita guiada à Gricha Vineyard House, em Ervedosa do Douro. A casa do século XIX, onde impera o estilo clássico com um toque british, dispõe de quatro quartos duplos com casa de banho e que refletem a região duriense onde se encontra. Cada um deles tem o nome de plantas típicas do Douro - Alfazema, Esteva, Urze e Zimbro – e vista privilegiada para esta região famosa pela sua paisagem. A propriedade – que não dispõe de televisão – tem uma sala de convívio equipada com jogos e livros onde os hóspedes se podem entreter entre quatro paredes. No exterior é possível relaxar no Pátio das Laranjeiras ou desfrutar da piscina. Se é fã de atividades outdoor, também pode fazer caminhadas - de longa, média ou curta duração – por entre as vinhas, ramadas e talhões que a envolvem.
O pequeno-almoço é servido diariamente entre as 08h30 e as 10h30 e o jantar em hora a combinar na sala de refeições. Quando a fome apertar, os hóspedes têm à sua disposição uma cozinha equipada onde podem preparar refeições leves e onde não falta chá, café e bolo à discrição. O Honest Bar, instalado nesta divisão da casa, permite que os hospedes possam desfrutar de uma grande variedade de bebidas alcoólicas durante a sua estadia e que serão pagas no check-out.
A todos aqueles que querem viver de forma autêntica o Douro e estejam apenas de passagem, a Quinta da Gricha oferece diversas experiências ligadas ao vinho, como provas de vinhos do Porto e do Douro, blind tasting e visitas guiadas à quinta, por marcação. Durante a vindima, a propriedade tem um programa especial que permite participação neste ritual, incluindo-se almoços rústicos no Pátio das Laranjeiras, provas de vintage ou diretamente da cuba. “Quem nos procura, procura o relaxamento, mas também uma experiência ligada ao vinho”, diz o responsável, explicando que os turistas são quem mais procuram a Quinta da Gricha seja para passar uma tarde, um fim de semana ou uma semana.
Como forma de promover a gastronomia regional duriense, é possível desfrutar de almoços, jantares e seleção de petiscos com harmonização, tanto para hóspedes e visitas. Os pratos principais são confecionados pelo restaurante Toca da Raposa, uma referência na região, com recurso a produtos sazonais e locais. Jarret de Porco no Forno, Ensopado de Javali ou Guisado de Bochecha são algumas das opções que constam na ementa que deverá ser escolhida previamente antes da estadia cujo preço médio por noite se fixa entre os 220 e os 340 euros, consoante a época do ano.
O SAPO Lifestyle visitou a Quinta da Gricha a convite da mesma.
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