A obra de 2019, com a chancela da Bertrand Editora, traz-nos o relato de produtos que marcam a identidade alimentar portuguesa, os enchidos e os fumeiros. Ao longo das páginas de “Entre Ventos e Fumos - Fumeiros e Enchidos de Portugal”, vemos elencados mais de uma centena de produtos provenientes de Portugal continental e ilhas atlânticas. Conteúdo que resulta da pesquisa que o gastrónomo e docente Nuno Diniz empreendeu por mais de 14 anos na sua viagem a Portugal, numa descoberta das técnicas tradicionais de confeção de enchidos e fumeiros.

Livro de escrita saborosa que nos deixa momentos de leitura como este: “Passei por fornos comunitários onde ocasionalmente se coze o pão, falei com velhas de sorriso franco que fazem alheiras como ninguém e que, perante o nosso interesse, perdem parte do temor e nos falam das suas vidas, ganhei tempo com velhos sentados à porta, que se sentem bem a conversar e nos levam (por cima de quantidades consideráveis de bosta de vaca) à casa do tio Porfírio, que tem a melhor batata do mundo e que, admirado com o nosso interesse, tem como primeiro e autêntico instinto a vontade de no-las oferecer, acompanhadas por um copito de vinho, uma (t)chouriça e um mágico presunto”.

Nuno Diniz divide o seu tempo entre a atividade de docente na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e a gestão e chefia da cozinha do restaurante Revolução, casa instalada na Associação 25 de Abril, em Lisboa

Território: “É absolutamente criminoso matarmos a nossa memória. Se o fizermos é por estupidez”
Território: “É absolutamente criminoso matarmos a nossa memória. Se o fizermos é por estupidez”
Ver artigo

Para além do reconhecimento ao livro nacional, o Prémio Internacional de Literatura Gastronómica reconheceu este ano, entre outros, os livros “Los Cocineros del Vino” e “Casa Cacao”, editados no país vizinho.

No que respeita a autores portugueses, o prémio internacional foi atribuído em anos anteriores, entre outros, aos títulos “Comer Como uma Rainha”, de Guida Cândido, “My Portugal”, de George Mendes, “A Vida e as Receitas inéditas do Abade de Priscos”, de Mário Vilhena da Cunha e Fortunato da Câmara.

Entre os vários prémios que atribui anualmente, a Academia Internacional da Gastronomia, consagrou em 2018 o chefe de cozinha José Avillez (restaurante Belcanto, duas estrelas Michelin) com o Grand Prix de l'Art de la Cuisine. Galardão que coube entre outros nomes da cozinha, aos chefes Wojciech Modest Amaro (Atelier Amaro, Polónia), Angel León (El Puerto de Santa Maria, Espanha), Alex Atala (DOM, Brasil), René Redzepi (Noma, Dinamarca), Massimo Bottura (Osteria Francescana, Itália).

entre ventos e fumos
créditos: Bertrand Editora

A Academia Internacional da Gastronomia é uma federação internacional de academias gastronómicas, nascida em 1983, com representantes em cinco continentes. Portugal conta com representação através da Academia Portuguesa de Gastronomia.

Entre os objetivos da federação de academias gastronómicas, encontram-se a promoção de uma cozinha saudável e gastronomia de qualidade, promover os grandes intérpretes contemporâneos da cozinha; promover a consciencialização da importância da gastronomia para a saúde pública, reforçar a consciência da importância económica da gastronomia e o seu reconhecimento como bem cultural de sentido amplo.