Estas receitas com base em insetos fazem parte de um “projeto visionário que antecipa uma prática gastronómica que utiliza os insetos como ingrediente principal na confeção de refeições”, sublinham os promotores da iniciativa.

O nosso papel é o de participar de forma ativa nesta nova “tendência culinária”, desenvolvendo receitas em que os insetos são o principal ingrediente. Este conceito já veio para ficar, apesar de existirem muitas pessoas que nem gostam de ouvir falar no assunto”, explica Patrícia Borges, docente da ESTM e mentora do projeto.

A docente acredita que a recetividade vá aumentar e que, no futuro, certamente surgirão mais projetos de outras instituições do ensino superior, de escolas e da indústria alimentar.

Os insetos podem ser introduzidos na alimentação humana como alimentos comuns como a carne e o peixe, pois têm elevados níveis de proteína, gorduras insaturadas e minerais, que podem combater a obesidade. Ao nível ambiental produzem poucos gases com efeitos de estufa e ao nível económico a produção de insetos é muito menos dispendiosa em comparação com o gado.

“Recordando as estimativas da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), que preveem que o mundo em 2050 terá cerca de nove mil milhões de habitantes e que, provavelmente, a produção animal não será suficiente para alimentar toda a população, é bom que comecemos a encarar o consumo de insetos como algo de normal e não como uma tendência gastronómica passageira ou uma das tantas modas que acabam por cair no esquecimento”, alerta Patrícia Borges.

“Para as populações ocidentais os insetos ainda são vistos como seres indesejáveis e repugnantes”, conta a docente, referindo no entanto que “noutras culturas são encarados como vulgares e sempre fizeram parte da alimentação humana”.

Em maio passado a FAO lançou um documento com o título “Insetos comestíveis: perspetivas futuras para a segurança alimentar”, que incentiva o consumo destas espécies através da apresentação das vantagens de as incluir na alimentação.

“Contudo, para que este tipo de culinária seja viável, é necessária a criação de legislação que suporte este tipo de prática. De qualquer forma, a ESTM já tem em laboratório mais receitas que serão divulgadas brevemente”, anuncia Patrícia Borges.