O estudo “Hábitos de consumo de vinho” foi realizado no âmbito do Projeto CV3 – Criação de Valor na Vinha e no Vinho, uma iniciativa da AESE Business School, uma escola de negócios portuguesa, em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, e é apresentado oficialmente na terça-feira, em Lisboa.

O inquérito, no qual participaram 197 antigos alunos da AESE, visou compreender as motivações, o comportamento e tomada de decisão do consumidor, aquando da compra e consumo de vinho.

O questionário de 57 perguntas permitiu concluir que o consumo de vinho envolve sociabilização à refeição e que o seu consumo sem socialização é reduzido.

É uma bebida que se consome na maioria das vezes acompanhado e principalmente no decorrer da refeição, realizando-se com maior frequência em casal, em família ou com amigos.

“A maioria dos empresários e gestores inquiridos não concebe beber fora das refeições, da mesma maneira que nesses momentos não admite trocar o vinho por outras bebidas alcoólicas”, afirmou, em comunicado, Ramiro Martins, professor na AESE e responsável pela empresa de estudos de mercado que realizou o inquérito, a “the Mediatheque”.

No entanto, segundo o responsável, “os quadros mais novos mostram bastante disponibilidade para socializar com vinho fora das refeições, o que é uma excelente oportunidade de negócio que deve ser explorada” pelas empresas do setor.

A investigação mostrou ainda que o valor médio gasto depende do local que se frequenta e que os inquiridos estão dispostos a gastar uma média de valores que chega a ser 2,5 vezes superior àquele que gastaria para um consumo em casa.

Bebidas como a cerveja ou a sangria surgiram com valores elevados como alternativas ao vinho, apesar da maioria ter respondido que este não poderia ser substituído.

As regiões vinícolas com mais notoriedade são as do Douro, do Alentejo, do Dão e Península de Setúbal.

Uma outra conclusão do estudo é que, mesmo num segmento de consumidores de nível elevado e com um poder de compra alto, “há poucas marcas com força suficiente para serem reconhecidas pelo público-alvo”.

Ramiro Martins referiu que "no mercado do vinho em Portugal há uma confusão enorme quanto às marcas” e que “as pessoas confundem com muita frequência as marcas com regiões, com castas ou com empresas”.

A proliferação de marcas em todas as regiões vinícolas portuguesas é vista como a grande responsável pela confusão existente.

“Consideramos que a geração de marcas robustas deve ser uma prioridade para o setor. Hoje há muitas marcas e fracas. Deve trabalhar-se para que no futuro haja menos, mas mais fortes”, afirmou Ramiro Martins.

As cinco marcas de vinhos preferidas dos inquiridos são: o Esporão, o Papa Figos, o Duas Quintas, o Cartuxa e o Barca Velha.

À questão sobre o conhecimento na área do vinho, apenas 4,67% dos inquiridos disse ser muito bom conhecedor e 2,67% reconheceu não ter qualquer conhecimento.

Os inquiridos são gestores e donos de empresas, na sua maioria homens (73,91%), do distrito de Lisboa (81,25%) e possuem maioritariamente idades compreendidas entre os 37 e os 57 anos.

O Projeto CV3 tem como objetivo estimular as exportações de vinho português, contribuindo para o aumento da competitividade das empresas nacionais no mercado global.

“Esta é uma forma de o mundo académico contribuir para potenciar a riqueza do setor do vinho em Portugal”, sublinhou, por sua vez, José Ramalho Fontes, presidente da AESE e um dos mentores do projeto.

Aderiram ao projeto a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), o Instituto Nacional de Investigação e Agrária e Veterinária (INIAV) e a PricewaterhouseCoopers (PwC).