Foi à mesa, ainda criança, que Beatriz Tomé ganhou o gosto pela História e estórias, que corriam ao sabor das palavras do avô materno. Hoje, com 22 anos, Beatriz, formada em História, recorda-nos a meninice e as raízes familiares em Vila Nova de Foz Côa e de como, tal como o avô, a avó e a mãe moldaram o presente desta empreendedora.
Beatriz, a par das voltas e reviravoltas que a História dá, alimentou desde tenra idade o gosto pela culinária. “A cozinha fascina-me desde miúda, fiz o meu primeiro bolo com quatro anos”, confidencia-nos. Volvidos perto de 18 anos, a criadora da Manteiguiz, já não faz “sopas de terra, relva, ou o que apanhasse por ali, no campo”. Beatriz criou a sua marca de manteigas artesanais de frutos secos. Amendoim, amêndoa, avelã, pistácio, sementes de abóbora, entre outros, servem de matéria-prima às manteigas que, como nos conta Beatriz, “podem ser saboreadas em pratos doces, ou salgados. Fazem, ainda, as delícias de quem preza uma pele e cabelo saudável, por exemplo a manteiga de sementes de abóbora pode ser utilizada como máscara facial e capilar, devido ao seu poder regenerador”. Manteigas que vão muito além do produto para barrar na fatia de pão: “As minhas manteigas podem ser consumidas com alimentos doces ou salgados e num prazo que pode ir até aos três meses”.
Tudo tem um começo e, para Beatriz, a da visibilidade da sua Manteiguiz é uma história recente: “Fiz a minha primeira feira em setembro de 2018, que por acaso foi uma Feira Pombalina [´lá está a História!´], em São João da Pesqueira, juntamente com uma tia que aí tem uma loja de artesanato”. A pretexto do certame, a nossa interlocutora criou as suas páginas nas redes socais [Facebook e Instagram], onde é possível fazer a encomenda das manteigas. “Quando as criei, nunca pensei que iria chegar a tanta gente e a tantos cantos do mundo”. Beatriz tem perto de dois mil seguidores. “Posso dizer que para além de Portugal, já conquistei a Alemanha, o Brasil a Inglaterra e a Suíça”, sublinha.
Na cartilha desta produtora de manteigas artesanais há princípios inabaláveis, nomeadamente a matéria-prima, “ainda produzida de forma artesanal sem recurso a maquinaria nem adubos químicos [grande parte dos frutos secos provem de produções familiares], passando pelo descasque, “todo manual. Nenhuma das manteigas contém óleos adicionados, o único existente é o do próprio fruto seco. Nenhuma contém sal, corantes ou conservantes”.
Beatriz não esconde que há manteigas mais gulosas: “A Mulatinha, Manteiguella, Pistácia, Caramela, que têm também a sua versão sem açúcar”.
De acordo com a jovem empreendedora, o acesso a matéria-prima de qualidade não é difícil: “A minha família pertence a Vila Nova de Foz Côa, cidade das amendoeiras em flor, terra fértil e de excelentes explorações agrícolas. Ora sendo eu neta de agricultores, não foi tarefa difícil obter matéria-prima de confiança e qualidade. Prezo muito por produtos nacionais e naturais, por isso não poderia deixar de fazer menção ao Douro”.
Uma prática de produção que Beatriz estende ao cuidado para com o meio ambiente e reutilização da matéria-prima. “Não rejeito nada pois defendo que tudo se reutiliza na natureza. A casca das avelãs e dos amendoins são um bom substrato para a terra e por isso são utilizadas para fertilizar os terrenos. As cascas das amêndoas são queimadas na lareira, sendo a sua cinza usada também como fertilizante”.
Uma versatilidade que vamos, também, encontrar nas aplicações culinárias para estas manteigas: “A manteiga 100% pistácio e a manteiga 100% sementes de abóbora podem ser consumidas com saladas, queijos, legumes. Acresce que qualquer uma das manteigas pode ser usada em panquecas, crepes, waffles, bolos, batidos, smoothies, papas de aveia, iogurte e a granola que também comercializo. Tudo depende da imaginação e do gosto das pessoas, tenho clientes muito criativos, basta espreitar a página de Instagram”.
Para a criadora da Manteiguiz a atenção para as intolerâncias e alergias é fator sempre presente, “tenho sempre muito cuidado quando as pessoas me alertam para estes factos, sendo que aconselho sempre qual será a melhor opção. Tenho clientes diabéticos, celíacos, bem como grávidas, crianças de tenra idade, vegans. Nestes casos, adapto as receitas consoante os gostos e limitações alimentares de cada um. É nestas invenções que às vezes surgem novas ideias”.
Uma aventura da qual Beatriz não exclui família, amigos e namorado, “que me incentivaram a criar este projeto”.
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