Os fundadores da Comvida, Sofia Oliveira e Fábio Gomes, licenciados em Gestão, conheceram-se na faculdade, tiraram os seus respetivos mestrados (ela em Marketing, ele em Finanças) e acabaram a trabalhar nas suas áreas.
Com múltiplos interesses, um brilho curioso nos olhos e mil e uma ideias (muitas delas ligadas à agricultura e à Natureza) os fundadores da Comvida sempre tiveram o bichinho de criar algo que fosse deles - um bichinho que se tornou ainda mais evidente quando Sofia percebeu que já não se identificava com a sua área profissional.
Com esta vontade de mudar em cima da mesa, Sofia e Fábio puseram mãos (e mente) à obra. Começaram a pensar naquilo que gostavam de fazer, nos seus interesses pessoais, naquilo que o seu projeto podia ser.
Aliando o espírito criativo de Sofia ao seu gosto e interesse pela cozinha vegetariana, e com a certeza de que queriam um negócio que trouxesse algo de novo, os fundadores da Comvida colocaram a questão que Sofia nos coloca a nós: "Porque não um espaço que me permita pôr as mãos na massa e cozinhar aquilo que eu gosto, que é comida vegetariana, e que possa ser uma mais-valia para o sítio onde o abrirmos?"
Oeiras, o sítio onde Sofia e Fábio moram, acaba por se revelar como a casa perfeita.
"Como clientes deste tipo de comida e de projetos, temos sempre que ir até Lisboa para satisfazer as nossas necessidades", diz Sofia. "Fez-nos todo o sentido abrir aqui, primeiro porque há esta lacuna, e segundo porque é o sítio onde vivemos, e sempre quisemos fazer algo dentro daquilo que é a nossa comunidade."
É aí que surge a ideia de criar uma cafetaria, aliando-a a uma pequena mercearia: dois conceitos que se interligam na perfeição e que, juntos, fazem nascer a Comvida.
A Comvida é uma cafetaria e mercearia com pulmão próprio
É um espaço em constante evolução, com uma vida e uma paixão sem limites, onde se respira o amor em cada prato, a história em cada produto sazonal e biológico.
"Nós dizemos entre nós que a ideia é trazer os agricultores para a mesa", conta Fábio sobre um dos maiores pilares da Comvida: conhecer os produtos, os produtores e os fornecedores, cujos nomes fazem eco pelas paredes do espaço sempre que alguém entra para comprar uma baguete do Paulo (Massa Mãe), perguntar pelos legumes do Libério ou saber aquilo que acontece à alfarroba em Portugal.
Este aconchego familiar que sentimos assim que entramos na Comvida não acontece por acaso. Da filosofia às aventuras dos fundadores pelo nosso Portugal fora, em busca de fornecedores e parceiros que, como eles, acreditem na sustentabilidade como um todo, nasce um espaço que não é apenas uma cafetaria e mercearia - é um ponto de encontro onde se "bebe" a riqueza de uma história incrível, de uma troca de informações e impressões, de uma aprendizagem nova e constante.
"É um conhecimento que se vai passando", defende Fábio. "Nós temos todo o gosto em partilhar estas histórias a quem nos visite, porque achamos que é muito rico, e é isso que nós queremos enquanto conceito - partilhar".
Dos legumes aos frutos secos, das infusões aos vinhos, tudo na Comvida tem uma voz - e isso estende-se ao próprio espaço da cafetaria e mercearia. Em tempos pizzaria, e mais tarde restaurante de comida tradicional, a casa deste projeto foi totalmente remodelada pelo João e pela Carolina - os arquitetos do Estúdio Jaca, em Oeiras.
De elementos de outros tempos que ganham uma nova vida - o móvel que hoje serve de apoio às frutas e legumes foi retirado da cozinha antiga e reaproveitado - a louças e cestas com selo português, tudo neste espaço (luminoso, com tons pastel e apontamentos cheios de personalidade) nos convida a olhar duas vezes, a tirar tempo e fazer uma pausa no relógio.
Neste novo espaço - onde bebemos um café de filtro que tem um calor diferente e comemos umas panquecas que despertam todos os sentidos -, todas as escolhas são feitas com um objetivo em mente: reduzir a pegada ecológica.
Comprar com menos desperdício e mais consciência
Na Comvida, encoraja-se o vizinho a trazer o saco de pano para levar o pão, os legumes e a fruta para casa, a reutilizar os fracos de vidro para guardar os cereais e as infusões, a comer e comprar com menos desperdício e mais consciência. Conta-se a história do local, do biológico, do feito de raíz.
Para Sofia e Fábio, a Natureza pauta o ritmo, e a Comvida segue: os pratos, em constante evolução devido à sazonalidade, são criados precisamente com esta consciência. Para além disso, os produtos que utilizam provêm de agricultores que praticam e acreditam na agricultura biológica.
"Visitá-los, conhecê-los e ouvir as suas histórias e experiências levou-nos a querer trabalhar com eles", contam. "Queremos dálos a conhecer e valorizar o seu trabalho, trazendo-os para dentro do nosso espaço."
Das práticas sustentáveis ao impacto positivo no ecossistema, os fundadores da Comvida valorizam sempre o local - um consumo que é sinónimo de diminuir a distância e o tempo que um produto percorre, desde o momento em que é colhido até ao momento em que chega ao prato.
"Conseguimos ter produtos muito frescos e saborosos, diminuir a pegada ecológica e promover a economia local, apoiando pequenos produtores", dizem Sofia e Fábio "Definimo-nos não só pelos produtos que temos na nossa cozinha e mercearia, mas também por aqueles que escolhemos não ter."
Na Comvida, 95 por cento das coisas são biológicas e praticamente tudo é português: e a cozinha de raíz é um pilar que os fundadores da cafetaria e mercearia consideram essencial ao projeto.
"Escolhemos a forma de cozinhar e de preparar os alimentos, utilizamos processos de fermentação natural e adoçantes naturais feitos por nós e minimizamos ao indispensável os produtos que não são criados na nossa cozinha (por exemplo, azeite, vinho, cerveja, café, vinagre)."
O resultado? Amor em cada prato.
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