No Algarve, rumámos, com a chefe Megan ao Sotavento para percebermos que há sabores tradicionais que vale a pena manter. O cheiro a maresia e o paladar do mar, continuam a estar presentes nas ovas de polvo que são secas através de práticas que estão a cair em desuso.

Os pescadores não capturam o polvo apenas pelas ovas. Estas acabam por ser um produto que nem sempre se encontra disponível e a sua produção é de cariz sustentável, pois aproveita-se uma parte do polvo que de outra forma seria desperdiçada.

É-nos explicado que cada polvo tem apenas uma ova que é retirada e colocada num balde com sal durante duas a três. Esta, é depois disposta numa superfície lisa e deixada ao sol durante todo o dia.

À noite, a ova é recolhida para não estar exposta à humidade e o processo repete-se no dia seguinte já com a ova virada para o outro lado. São necessários, em média, dois dias ao sol para preparar esta iguaria que pode ser comida de várias maneiras: assada no carvão, ou colocada diretamente na torradeira para ficar um pouco mole.

Tradicionalmente corta-se lascas fininhas e tempera-se com azeite, alho e salsa ou, para os puristas, come-se ao natural cortado às fatias fininhas.

No Mar d’Estórias, escolhemos utilizar as ovas ao natural - cortadas finamente às lascas e colocadas por cima do nosso polvo assado. O remate perfeito para nos lembrarmos que a autenticidade do polvo pode ser aliada à sustentabilidade da sua utilização de forma a completar este prato com um sabor ainda mais tradicional.


Artigo cedido por Mar d´Estorias, um espaço inovador de valorização de tudo o que é Português, com especial ênfase para o Algarve. Este espaço pretende proporcionar a passagem equilibrada entre as diferentes secções de loja, restaurante e espaço-casa, que culminam num bar-terraço a céu aberto e com vista sobre o mar.