A Ilha da Madeira foi descoberta em 1419, tendo-se desde logo desbravado terras e ocupado solos com cultura de trigo, vinha e cana. Registos históricos demonstram que 25 anos após o início da colonização, as exportações de Vinho Madeira eram já uma realidade!
A fama e prestígio deste Vinho, podem ainda ser atestados por inúmeros episódios, entre os quais, a celebração da independência dos Estados Unidos, em 1776, que foi comemorada com um brinde de Vinho Madeira!
A extensão da Região Vitícola é de cerca de 400 hectares e o seu processo de vindima, é ainda hoje totalmente manual. Trata-se de uma paisagem única e caracterizada pela orografia acidentada do relevo. As condições particulares do solo de origem vulcânica, na sua maioria basálticos e a proximidade ao mar, associadas às condições climatéricas, em que os verões são quentes e húmidos e os Invernos amenos, conferem ao vinho características únicas e singulares.
Atualmente as variedades de castas mais utilizadas na produção de vinho Madeira são: Sercial, Verdelho, Boal, Malvasia e Tinta Negra. No entanto, existem outras castas recomendadas e autorizadas.
O Vinho da Madeira contempla um conjunto de designações que permitem a identificação dos seus diferentes tipos, aqui dedicamos espaço aos vinhos com indicação de idade.
Começamos por um vinho da casta Terrantez, originária do continente, da região do Dão, onde é conhecida como Folgasão, é também cultivada nos Açores, nomeadamente na zona do Pico e Biscoitos e na Madeira, onde é considerada uma casta nobre para a produção de vinho generoso.
A Terrantez é uma casta rara e, neste momento, encontra-se quase extinta. Uma das razões para a sua extinção é a grande tendência que a Terrantez tem para a podridão (muitas vezes não resiste até à época da vindima).
Os vinhos produzidos pela Terrantez são bastante perfumados, encorpados e de sabor persistente.
Todas estas características estão presentes neste BLANDY'S 20 Anos Terrantez, um vinho que Francisco Albuquerque, o enólogo, deixou envelhecer 20 anos em cascos de carvalho americano segundo o processo tradicional de “Canteiro”. Não se preocupem! No próximo artigo iremos abordar os processos de envelhecimento!
Este vinho tem um bouquet elegante de frutos secos, madeira e especiarias. Fresco, meio seco e concentrado, com uma acidez muito equilibrada. Final de boca longo, de especiarias, frutos secos e madeira.
É excelente como aperitivo, mas também acompanha muito bem sopas, carne de caça e patês.
No último artigo quando iniciei a abordagem aos vinhos da Madeira, abri um Verdelho dez anos da casa Barbeito, hoje falamos do BARBEITO 10 Anos Boal, um vinho trabalhado pelo enólogo Ricardo Diogo, estagiado em Canteiro durante dez anos em cascos de carvalho Francês. Para este lote foram selecionados vinhos que originaram este Madeira meio-doce, com níveis de açúcar e acidez muito equilibrados.
Na sua nota de prova teremos de realçar a sua exuberância e requinte! Notas de fruta em calda, madeira e um ligeiro aroma a mel. Início suave e doce misturando-se com a excelente acidez no final de boca.
Para desfrutar em pleno, recomendamos que o sirva a uma temperatura entre 13º C a 14º C.
Excelente como digestivo, foie-gras, pudins, queijos e bolos ricos em fruta. Experimente!
José Faria
Sommelier OUT OF THE BOTTLE
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