Oh!Vargas. Quando olhamos para o nome deste restaurante, é difícil que não fique a ressoar na nossa cabeça o bordão “Oh Vargas”, como que a pedir precisamente a atenção do tal Vargas. E foi mesmo assim que surgiu o nome deste restaurante em Santarém, mais precisamente em Portela das Padeiras, um daqueles espaços que vai acumulando experiência, além de anos de vida, mais de 40 para sermos precisos. Foi a clientela do restaurante que o batizou numa altura em que os proprietários não pensavam em construir uma marca, mas apenas servir comida tradicional com qualidade. O nome e a cozinha vingaram e assim continuam.
O Oh!Vargas tem, na realidade, uma nova vida, desde maio de 2019, altura em que reabriu depois de uma grande intervenção que durou perto de dois anos, levada a cabo por Manuel Vargas, que é a terceira geração a tomar conta deste negócio, e por Teresa Esteves, sua esposa. Da taberna informal do tempo dos avós ou do restaurante firmado pelos pais encontramos só a morada porque atualmente está tudo diferente. “Costumo dizer que temos 200 cadeiras”, responde Manuel Vargas à pergunta “qual a capacidade do restaurante”, que cresceu com a última renovação.
Hoje encontramos três espaços distintos: a sala principal, que funciona sobretudo à carta e que enche aos almoços durante a semana, uma segunda sala ideal para grupos ou eventos, que é mais resguardada e onde se nota a ligação do espaço à tauromaquia e ao grupo de forcados de Santarém, cujos cartazes forram as paredes deste espaço e não menos importante (apesar de agora não estar a funcionar em pleno), a esplanada que no tempo mais quente é abraçada por uma Glicínia com mais de 200 anos, apesar de no inverno não termos a hipótese de apreciar todo o seu esplendor.
Com cara renovada, mas com a premissa de sempre – continuarem fortes na cozinha de cariz tradicional onde se destacam os grelhados de carne – os proprietários têm também o Oh!Rio, em Valada do Ribatejo, um restaurante sazonal, mais direcionado para o peixe.
Ao comando dos restaurantes, desde agosto de 2019, está o chef Rui Lima Santos, que passou pelo Arola, no Penha Longa, Bica do Sapato ou The Presidential. No Oh!Vargas o chef afirma que “gostamos de dar uma roupagem nova com rasgos de cozinha contemporânea. Mas comida bem feita”.
E isso sobressai no croquete de novilho (2€), onde a carne se desfaz em fios, no escabeche de coelho (9€), uma proposta crocante, na omelete aberta, inspirada nas de Gordon Ramsay, mas com bacalhau fumado (9€), no cachorrinho de Txistorra (6€), que é um sucesso que transita da carta anterior e mantém-se na carta de inverno, no franguinho à moda da Bairrada (8€), um twist de uma zona gastronómica portuguesa bem conhecida, no lombo de bacalhau de cebolada com açorda de coentros e batata a murro (60€), com cura de 13 meses, da Islândia, e um dos pratos da carta que pode partilhar e que serve até quatro pessoas, ou numa das guarnições, como o arroz de forno com enchidos (6,5€), feito com caldo de enchidos, ou na opção vegetariana, carolino de abóbora (14€), entre outros pratos que pode conhecer melhor aqui. A carta de inverno vai estar disponível no máximo até maio.
Menção honrosa ainda para as sobremesas com as já tradicionais farófias (5€) do restaurante, que são feitas com creme de flor de laranjeira ou o pão de ló de Alfeizerão com gelado com rosmaninho (6€). Pode ter a sorte de encontrar uma torta de laranja, que apesar de não estar fixa na carta, pode ser feita com laranjas vindas da horta do restaurante.
Para quem já conhece bem, não é estranho ouvir-se dizer amiúde que o Oh!Vargas é o restaurante com a melhor garrafeira de Santarém. E isso faz-se à conta das mais de 300 referências de vinho, sendo que perto de 100 são vinhos do Tejo ou pela parceria com a Juve & Camps. Mas esta não é a única parceria do restaurante, onde podemos também encontrar à venda produtos da Riedel ou comprar charutos e cigarrilhas graças à parceria com a Casa Havaneza.
A verdade é que quem conheceu o antigo Oh!Vargas, vai perceber que muita coisa mudou. E mudar é bom. “Para mim, evolução na cozinha é: comprar-se bom produto, haver pouca transformação, tratar bem o produto e aquilo que normalmente não conseguimos fazer em casa, fazermos aqui”, resume Manuel Vargas, que começou a trabalhar no restaurante com 13 anos, mas que passou por outros espaços – nomeadamente o Tascá, também em Santarém, e por projetos no Algarve acumulando uma experiência de 25 anos no ramo – antes de abraçar o negócio de família. “O que queremos é ter produto diferenciado, cozinhado com rigor”, completa Rui Lima Santos, mostrando-se alinhado com o pensamento para a nova vida do Oh!Vargas.
O convite fica feito: o desvio da autoestrada não é assim tão grande, a apenas cinco minutos de carro. E boa comida a preços honestos nunca é demais.
O SAPO Lifestyle esteve no Oh!Vargas a convite do restaurante.
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