Sabia que 90% das pedras preciosas existentes no mercado são diamantes? Tendo em conta a sua predominância, houve a necessidade de, em 1930, se uniformizar o sistema de avaliação utilizado para analisar esta pedra preciosa. Assim a Gemelogical Institute of America (GIA) - considerada uma autoridade nesta matéria - criou os Diamond Grading Reports.

No fundo estes funcionam como uma espécie de bilhete de identidade que certifica a qualidade e autenticidade de um diamante e nos diz tudo aquilo que precisamos de saber sobre ele. Aqui são tidos em conta quatro parâmetros que começam pela letra C: Carat (Quilate), Color (Cor), Cut (Corte) e Clarity (Clareza).

É de destacar que nem todos os diamantes têm direito a estes relatórios, implementados a nível internacional em 1950. Para tal é necessário que cumpram diferentes requisitos, como ter determinadas dimensões - mais de 0,15 quilates - e ser um diamante solto, ou seja, que não esteja aplicado numa peça de alta joalharia. Este método de avaliação é tão rigoroso que nos permite adquirir um diamante sem nunca o ter visto ao vivo.

Um dado interessante é que cada maison de alta joalharia tem as suas próprias regras em relação aos diamantes que utiliza nas suas criações. Por exemplo, a Van Cleef & Arpels só trabalha com pedras de cor D e E, com claridade F, IF e VVS e sem qualquer tipo de fluorescência.

Ao analisar-se um diamante natural - diferentes dos coloridos - é o conjunto dos 4C's que vai determinar o valor da pedra, uma vez que todos eles têm a mesma importância.

Carats - Quilates

- Os carats – quilates - dizem respeito ao peso de um diamante e que, desde 1907, são a unidade de medida utilizada para pesar pedras preciosas. Atualmente um quilate é equivalente a 0,2 gramas.

- A palavra carat tem origem nas Carob Tree, as famosas alfarrobeiras, cujas sementes deste fruto eram usadas, já desde a Antiguidade, como contrapeso durante a pesagem de pedras preciosas.

- Quando não é possível pesar um diamante, seja por este estar incrustado num colar ou anel, é possível calcular o seu peso com base no diâmetro da pedra. No caso de um Round Brilliant Cut, se este for cortado corretamente e com as proporções definidas pela GIA, o seu diâmetro deve medir 6,5 milímetros o que, na prática, equivale a um quilate.

Color - Cor

- O valor de um diamante tem uma relação direta com a sua cor existindo duas categorias distintas: os diamantes naturais e os diamantes naturais coloridos.

- Ao analisarmos um diamante natural sabemos que quando mais incolor este for maior é o seu valor. A sua cor é determinada de acordo com uma escala que vai do D (colorless/incolor) ao Z (light yellow/amarelo claro). Se estivermos perante um diamante D, E ou F sabemos que a pedra é incolor e bastante valiosa. No caso de um diamante que se fixe entre a letra S-Z sabemos que este terá um tom amarelado e que, logo, será menos valioso.

- Os diamantes naturais coloridos são todos aqueles que não se inserem nesta escala de D a Z, fazendo parte de uma categoria completamente distinta: a dos fancy colours diamonds, que podem ir dos faint aos fancy vivid.

- Ao analisar-se um fancy colour é necessário ter-se em conta três critérios: a cor (se é azul, vermelho ou laranja), a tonalidade (que vai de clara a escura) e a saturação (se a cor do diamante é muito intensa ou não).

- Uma vez que os diamantes coloridos são extremamente raros e muito valiosos podendo, em leilão, atingir dezenas de milhões de euros, a cor é o parâmetro mais importante dos três em cima mencionados. É de destacar que os diamantes com cor só se tornaram populares durante a década de 1980, sendo que o vermelho e o violeta são as mais raras.

- Dentro da cor existe ainda a fluorescência que, apesar de não fazer parte dos 4C's, é uma propriedade natural que existe em algumas destas pedras preciosas mas que não é desejável. Estima-se que entre 25 a 35% dos diamantes naturais e coloridos têm fluorescência e que, na maior parte dos casos, só é visível com radiação ultravioleta.

Cut – Corte

- O corte diz respeito à lapidação do diamante existindo dois estilos de corte predominantes: o brilliant cut, um dos mais populares e que pode adquirir diferentes formatos, e o step cut. O primeiro destaca-se pelas suas facetas triangulares e o segundo por estas serem lapidadas em degrau. Existe ainda o mixed cut que, tal como o próprio nome indica, mistura estes dois estilos.

- É importante referir que o corte não deve ser confundido com o formato do diamante. Um brilliant cut pode adquirir um formato redondo, marquise, oval ou pera, enquanto o step cut o formato emerald ou assher. No caso do mixed cut destaca-se o famoso princess, muito popular no Estados Unidos.

- Durante o processo de lapidação de um Round Brilliant Cut devem ser respeitadas proporções e medições muito específicas calculadas matematicamente, totalizando 57 facetas no total, algo que não se aplica aos restantes diamantes.

- O corte tem um único propósito: realçar o brilho da pedra e refletir a luz do diamante como se fosse um espelho. Este é avaliado com base em três parâmetros - simetria, polimento e proporções – sendo que a cada um deles lhes é atribuída uma de cinco notas possíveis: excelente, muito bom, bom, razoável e mau.

Clarity – Clareza

- A clareza ou pureza de um diamante prende-se com as inclusões ou imperfeições que existem na pedra e que, de certa forma, vão afetar o seu brilho, cor, preço e raridade.

- Este parâmetro é classificado de acordo com a seguinte escala: Flawless/Internally Flawless (FL/IF), Very Very Slightly Flawless (VVS1/VVS2), Very Slightly Included (VS1/VS2), Slightly Included (S11/S12/S13) e Included (I1/I2/I3).

- No primeiro nível - FL/IF - sabemos que estamos perante um diamante praticamente perfeito e puro, com inclusões percetíveis apenas sob uma ampliação de 10x. Já no quinto nível - I1-I3 – sabemos que esta é uma pedra que apresenta imperfeições que podem facilmente ser identificadas a olho nu.

- Apesar de as inclusões não serem algo desejável, a verdade é que existem exceções à regra. Os Salt and Pepper Diamonds são um desses exemplos e destacam-se pelas suas inclusões naturais que, em alguns casos, podem adquirir formatos peculiares. Este tipo de diamantes são muito famosos no mercado americano.