Liberdade para sonhar. Liberdade para sair, para dizer, para pensar, para fazer. Numa altura em que víamos a liberdade como uma garantia, passámos pelo doloroso processo de a perder.
“O impacto da mudança obrigou-me a sair da minha zona de conforto”, diz Juliana Bezerra. “A primeira e principal inspiração foi o surrealismo. Comecei a estudar o movimento artístico e pensei em convidar a Marisa, fundadora da marca portuguesa Sienna, para colaborar comigo. A ideia seria partilhar referências e influências e construirmos duas coleções diferentes - de joalharia e roupa - a partir do mesmo conceito”, acrescenta a joalheira.
As pistas para as duas coleções vêm do trabalho de Dorothea Tanning (girassóis), de Miró (os gatos), de Dalí (o olho) mas também de elementos surpreendentes que a joalheira encontrou - como o osso buco.
“O surrealismo é uma influência forte, mas para mim é muito importante que um tema não descaracterize uma coleção. No final, quando acabo um projeto, tenho que olhar para as peças e sentir que estão alinhadas com o meu trabalho, que me representam a mim, mas também uma evolução - que são um passo em frente e não um passo ao lado”, desmistifica Juliana. “Por isso mesmo não posso só mergulhar nas artes e no que já está feito, ainda que seja muito inspirador. Estou sempre atenta a tudo o que me rodeia. Guardo tudo e trago para casa. Grande parte do meu processo criativo passa pela descoberta de novas formas e dos meus próprios elementos”, acrescenta.
Em 'Liberté' descobrimos sobretudo brincos oversized, um desafio para a joalheira. “Os brincos são peças statement. Na verdade é difícil criar objetos mais excêntricos, maiores, e perceber ao mesmo tempo se são confortáveis e não pesam na orelha. É um trabalho que exige muita experimentação”, explica Juliana Bezerra. Mais literais (como o anel que tem ‘Liberté’ escrito) ou subtis (os colares que lembram molduras de quadros), todas as peças contam uma história, são criadas para uma mulher livre.
Disponíveis online em www.julianabezerra.com.
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