A programação dos cinco dias inclui 28 desfiles de moda com estilistas consagrados como o britânico Edward Crutchley, a sérvia Roksanda e a irlandesa Simone Rocha, cuja marca celebra o seu décimo aniversário.

Há também duas ausências notáveis: a da ex-Spice Girl que se tornou estilista Victoria Beckham e a da casa de luxo britânica Burberry.

O designer de moda Saul Nash, de 28 anos, abriu o evento na sexta-feira com uma mostra de coleção de roupas desportivas explorando a sua adolescência em Hackney, um bairro popular do nordeste de Londres.

Este criador, também bailarino e coreógrafo, coloca a liberdade de movimentos no centro das suas criações com peças fluídas com mangas e capuzes removíveis. Parte integrante do uniforme escolar britânico, a camisa de manga curta é reinventada com inserções em tecido respirável e fecho éclair para um visual chique e casual.

Num estilo completamente diferente, os vestidos bufantes do estilista britânico Edward Crutchley, em verde anis ou com estampados florais, mostram o glamour da temporada primavera / verão 2022. Os tecidos brilham e o luxo é evidente.

Talentos emergentes

Enquanto alguns estilistas regressam às passerelles, outros preferem apresentar as suas coleções apenas com hora marcada, como Emilia Wickstead e Molly Goddard, ou em vídeos, que podem ser vistos na plataforma Fashion Week, lançada em junho de 2020 para se adaptar à situação sanitária.

Michael Halpern, estilista americano de 32 anos, apresentou na sexta-feira um curta-metragem filmada na Royal Opera House com a sua coleção de vestidos com lantejoulas, penas e drapeados, usados por bailarinos que, após uma ausência de mais de um ano, voltarão a receber o público no próximo mês.

Um total de 131 marcas estarão presentes nesta edição da Semana da Moda.

Em fevereiro, o evento foi realizado em formato 100% virtual, já que os desfiles com público foram proibidos por o país estar a enfrentrar o seu terceiro confinamento.

Desta vez, “o evento internacional volta para marcar a tão esperada reabertura cultural de Londres”, afirma o British Fashion Council, que representa a indústria da moda e organiza o certame.

Entre os talentos emergentes deste ano destaca-se a estilista albanesa residente em Londres Nensi Dojaka, fundadora da marca homónima, que apresentou o seu primeiro desfile na sexta-feira.

Formada na prestigiada escola de moda Central Saint Martins, em Londres, a estilista de 27 anos ganhou o prémio LVMH 2021 para jovens talentos na semana passada. Os seus vestidos pretos "nuisette" com detalhes gráficos conquistaram o júri.

O canadiano Mark Fast, especialista em tricot, ocupou um parque de estacionamento no Soho, no coração da capital,  para um desfile em homenagem ao 'underground' londrino dos anos 1990. No desfile, destacaram-se os vestidos ultracurtos e adornados com correntes.

Fã das cores neon, o estilista expandiu a sua paleta para tons pastel. Os casacos de ganga eram desbotados ou pintados à mão em estilo graffiti.

A marca afirma ter vivenciado um "crescimento considerável" no último ano, abrindo lojas em Pequim, Chongqing e Hong Kong.

A indústria da moda britânica, que empregava cerca de 890.000 pessoas em 2019, espera uma recuperação após a pandemia.

Segundo dados da Oxford Economics para a Federação das Indústrias Criativas e da Federação da Inglaterra Criativa, "com o investimento certo" o setor criativo pode recuperar-se mais rápido do que a economia britânica como um todo.

O estudo prevê que o setor cresça mais de 26% até 2025 e contribua com 132 bilhões de libras (963,91 bilhões de reais) para a economia britânica, 28 bilhões de libras a mais que em 2020.

Em julho, a Burberry anunciou que as suas vendas do primeiro trimestre haviam regressado aos níveis anteriores à pandemia.

No entanto, as vendas na Europa continuaram a sofrer devido à falta de turistas.

Numa entrevista ao Financial Times publicada na semana passada, o designer de moda francês sediado em Londres Roland Mouret estimou que seriam precisos "cinco anos" para a sua marca se recuperar totalmente do impacto da COVID-19.