O termo nanotecnologia torna-se cada vez mais presente na nossa vida quotidiana. Ele aparece em objectos de uso diário como espelhos que não ficam embaciados, até produtos de alta tecnologia da indústria electrónica. O mesmo ocorre na indústria da beleza e nos cosméticos.
A nanotecnologia está associada a diversas áreas (como a medicina, a electrónica, a ciência da computação, a física, a química, a biologia e a engenharia dos materiais) de pesquisa e produção na escala “nano” (escala atómica). O princípio básico da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos.
É uma área promissora, mas que dá apenas os seus primeiros passos, mostrando, contudo, resultados surpreendentes. Nos anos 80, o conceito de nanotecnologia foi popularizado por Eric Drexler através do livro "Engines of Creation" (“Motores da Criação”).
Este livro, embora contendo algumas especulações próximas da ficção científica, baseou-se no trabalho sério desenvolvido por Drexler enquanto cientista. Drexler foi o primeiro cientista a doutorar-se em nanotecnologia pelo MIT.
Podemos assim dizer que a nanotecnologia é a transformação de materiais do dia-a-dia em partículas microscópicas com um diâmetro de menos de 1 milésimo de metro (isto é, menos que 1 μ). O tamanho das partículas é medido em nanómetros, e não em metros, e a partícula é chamada de nanopartícula.
É a tecnologia que confere propriedades especiais às partículas através da sua diminuição até ao tamanho nanométrico. Verifica-se que produtos à base de nanotecnologia têm uma melhor performance nas suas propriedades, isto pode ser demonstrado claramente no exemplo da vida quotidiana:
O açúcar em cristais não tem tanta aderência na superfície dos bolos, mas com o açúcar refinado obtém-se uma cobertura branca, que tem uma boa aderência e espessura.
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Distinguir nanotecnologia
A nanotecnologia é o estudo, desenho, criação, síntese, manipulação e aplicação de materiais, aparelhos e sistemas funcionais através do controlo da matéria à nano escala, e a exploração de fenómenos e propriedades da matéria, à nano escala.
O conceito de nanotecnologia, consolidado nos anos 90, engloba partículas recentemente desenvolvidas que não têm apenas dimensões microscópicas mas também apresentam uma função especial.
De certo que já existiam cosméticos com partículas nanométricas antes de 1990, como as minúsculas gotas de óleo nos cremes (conhecidos como nano emulsões). Outros exemplos são as partículas de dióxido de titânio, que possuíam um tamanho de 5 a 20 μ, em fórmulas de protectores solares.
No entanto, rotular estes produtos mais antigos como produtos com nanotecnologia não é correcto. A nano emulsão existe há mais de meio século na área farmacêutica.
Revolução na cosmética
Em 1986, uma empresa de cosméticos inseriu os lipossomas no mercado dos cosméticos. Com essa fórmula, um produto que combate o envelhecimento, a empresa revolucionou o sector. Os lipossomas possibilitaram novos produtos com atributos melhorados.
Mas somente após 20 anos surgiu algo tão inovador na indústria da beleza, com a nova geração de lipossomas: os nanotransportadores de lípido (Nano Lipid Carrier – NLC). Os primeiros produtos com NLC foram lançados a nível mundial em 2005/2006.
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Os NLC são nanopartículas microscópicas presentes nos lípidos, que funcionam como transportadores para as substâncias activas dos cosméticos. Estes agentes estão contidos nas nanopartículas de lípido. Ao contrário da emulsão, na qual existem gotículas de lípido líquido (óleo); o lípido dos NLC é sólido à temperatura corporal.
Nos cosméticos são inseridos lípidos vegetais com propriedades protectoras, tais como a cera de carnaúba parcialmente misturada com óleos especiais, e como o óleo de cucui (óleo proveniente do Havai, que apresenta ácidos vegetais insaturados com ómega 3 e ómega 6).
O conceito de EOB
A tecnologia NLC permite atribuir às fórmulas dos cosméticos o conceito EOB que significa:
● Estabilização
● Oclusão
● Bioactividade
Estabilização
As substâncias activas instáveis como o retinol ou a co-enzima Q10 são apenas parcialmente protegidas contra o desgaste químico após a incorporação na gota de óleo de uma emulsão. A incorporação no NLC causa estabilização da substância activa.
O firme lípido da nanopartícula de lípido protege-a contra as agressões do oxigénio e da água. As substâncias activas são mantidas dentro do nanotransportador de lípido, que funciona como uma muralha de protecção.
Oclusão
A pele desgastada com a camada lipídica protectora danificada tem maior perda de água, o que acaba com a sua hidratação. A nanopartícula de lípido actua (como o açúcar refinado na cobertura de bolos). Na camada mais superficial da pele, repara a camada de lípido danificada e causa uma oclusão.
O importante é que o grau da oclusão sobre o número de partículas no produto pode ser controlada. Isto significa que a oclusão criada será suficiente para minimizar a desidratação e aumentar a humidade da pele e, ao mesmo tempo, a respiração da pele.
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Bioactividade
É de conhecimento comum que, sob oclusão, a absorção das substâncias activas na pele é facilitada. Isto significa que, em concentrações iguais de substâncias activas no cosmético, obtém-se uma maior absorção de agentes cosméticos e de substâncias protectoras na pele com produtos formulados com NLC.
Logicamente, a maior concentração de substâncias activas na pele leva a uma maior eficácia, isto significa um aumento da bioactividade.
NLC a nível mundial
O primeiro lançamento a nível mundial de dois produtos com NLC aconteceu em Outubro de 2005 em Munique. Nessa altura foi lançado um creme e um gel reparadores à base de NLC com Q10.
Desde essa altura já foram introduzidos no mercado quase 20 produtos em todo mundo num período de pouco mais de um ano. Todos eles são produtos destinados ao consumidor final, mas existem também concentrados de NLC disponíveis para a fabricação de cosméticos que contêm NLC como “produtos intermediários”.
Estes concentrados são simplesmente misturados às fórmulas de cosméticos no processo de fabrico. Desta forma, podem-se unir as vantagens de um cosmético de renome no mercado com as vantagens trazidas pela nanotecnologia. A tecnologia NLC adapta-se às fórmulas especialmente desenvolvidas para o relançamento dos produtos já existentes, trazendo muitas vantagens em termos de eficácia.
Por este motivo, espera-se que em poucos anos a tecnologia NLC, que tem tanta aplicabilidade, tenha o seu lugar garantido junto dos mais chiques fabricantes de cosméticos porque contribui para a melhoria da qualidade e do desempenho das suas fórmulas.
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Reconhecimento científico
O primeiro produto lançado a nível mundial com a tecnologia NLC, ganhou o prémio de inovação na categoria de “melhor cosmético do ano de 2006”. Este prémio é concedido anualmente pela Editora BSB Dr. Ridel de Hamburgo.
A nanopartícula de lipido foi depois apontada para o prémio de inovação Berlim- Brandenburgo 2006 (obteve 7 nomeações entre cerca de 150 candidatos) e ganhou o prémio “Valor do Conhecimento da Fundação de Tecnologia de Berlim (TSB).
Este prémio é concedido pela aplicação do conhecimento em produtos comerciais, isto é, em produtos para o uso dos consumidores. A nanopartícula de lipido tem a sua aplicação também no desenvolvimento de produtos farmacêuticos.
A nova tecnologia foi destacada com o “2º prémio da tecnologia farmacêutica” da revista Pharmind (Indústria Farmacêutica) no ano de 2006. Estes prémios certificam que a tecnologia NLC das nanopartículas de lipido são reconhecidas no meio científico.
Autores: Prof. Dr. Rainer H. Müller: chefe da divisão de Tecnologia Farmacêutica, Biofarmácia & Cosmética na Universidade Livre de Berlim e descobridor da nanopartícula de lípido NLC; Dr. Christian Rimpler: colaborador do Prof. Müller da indústria de cosméticos que colocou no mercado mundial os primeiros cosméticos com NLC através da empresa Dr. Rimpler GmbH (2005/2006); Aiman Hommoss: pesquisador chefe do NLC de pesquisas científicas na Universidade Livre de Berlim; Kai Schwabe: director técnico e chefe do grupo de projecto Nanotecnologia Aplicada, da empresa Dr. Rimpler GmbH
Fotografia: ©Olga Lyubkina - Fotolia.com
Agradecimentos: Rita Teodoro, tradutora
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