Quando a gordura localizada resiste à dieta e ao exercício físico é a vez de os cirurgiões plásticos entrarem em ação. Detestamo-la e temos boas razões para isso! A gordura localizada (excesso de tecido adiposo, de origem genética, sobretudo na barriga, ancas ou coxas) pode revelar-se mesmo quando temos o peso ideal ou praticamos exercício. Ainda assim, as mudanças ao nível do estilo de vida são um passo essencial para a combater.

Depois de atingido o peso adequado, se a gordura persistir em zona específicas, pode-se então recorrer a técnicas dermatológicas e/ou cirúrgicas que isoladamente não funcionam mas que, em sinergia com a dieta e o exercício, podem ser a solução mais eficaz. Como explica Luísa Magalhães Ramos, cirurgiã plástica, «quanto melhor for a forma física previamente à cirurgia, melhor será o resultado final».

Daí «alertarmos para a necessidade de os pacientes estarem o mais próximo do seu peso ideal», acrescenta o cirurgião plástico e estético Miguel Andrade. Para poder avançar, deve também estar saudável, não estar grávida ou a amamentar e, idealmente, a pele da zona a tratar não deve ser flácida.

As técnicas invasivas a que pode recorrer:

- Lipoaspiração tumescente

Permite aspirar a gordura de forma cirúrgica, envolvendo a infiltração de uma solução anestésica e vasoconstritora que torna «o procedimento indolor e permite que haja menos perdas de sangue. Utilizamos uma técnica de 360 graus em que podemos aspirar no mesmo procedimento diferentes zonas, por exemplo o abdómen e o dorso. Na maioria dos casos, a alta é dada no próprio dia», descreve Luísa Magalhães Ramos.

A técnica tumescente é também combinada com outras técnicas, como a vibro lipo ou o laser lipo. Segundo a cirurgiã plástica, «a gordura não voltará a incomodar, desde que haja a manutenção do peso. Caso a pele esteja flácida são necessárias técnicas cirúrgicas adicionais para remover o seu excesso». A gordura aspirada pode ainda ser aproveitada, processada e tratada para ser aplicada noutra área do corpo que se pretenda aumentar (lipoescultura).

Esta é a opção ideal para quem tem a pele firme, com boa elasticidade. Se o objetivo é também eliminar celulite, não deve fazer esta lipoaspiração. Se recorrer a esta solução, saiba que o seu custo varia conforme a zona do corpo. As coxas e ancas têm um custo, em védia, a partir de 3.250 € enquanto que a barriga já tem preços a partir de 2.500 €.

- Smartlipo (Laserlipolise)

Permite a remoção dos depósitos de gordura localizada através de um laser alojado numa cânula. Sob anestesia local e/ou com sedação, a membrana da célula de gordura é destruída e o seu conteúdo eliminado pelo próprio organismo. «É recomendada, sobretudo, para áreas de tratamento menores», elucida Miguel Andrade. «É menos invasiva e mais segura do que a lipoaspiração tradicional, em parte devido à menor utilização de cânulas cujo tamanho faz incisões ainda mais pequenas, provocando menos cicatrizes», esclarece.

Neste método, existe menos possibilidade de sangramento, limitando-se também a inflamação e o aparecimento de hematomas. Não envolve internamento e está indicada para pessoas jovens e saudáveis, com uma pele com boa capacidade de retração. Esta não é a melhor opção para si se tiver doenças ao nível dos rins, fígado ou sofrer de alergias. Cerca de 800 € é o custo médio por zona, um valor que pode sofrer ajustes de clínica para clínica.

- S.A.F.E. Lipo

É uma vibrolipoaspiraçao em três etapas, numa única cirurgia e sem internamento. Os adipócitos são separados uns dos outros assim como dos vasos sanguíneos, entre outras estruturas (separation). A gordura é, depois, aspirada de forma menos agressiva para a zona vascular (aspiration) e a remanescente é suavizada (fat equalization).

Segundo Tiago Baptista Fernandes, primeiro cirurgião europeu a executar esta técnica, os resultados são «muito superiores à técnica convencional, dada possibilidade de se poder retirar mais gordura de modo homogéneo. Esta pode ainda ser centrifugada e enriquecida com fatores de crescimento derivados das plaquetas e recolocada noutras zonas que se pretenda como mama, glúteos e gémeos». É necessário o uso de uma cinta compressiva e recomenda-se fisioterapia.

A S.A.F.E. Lipo é uma boa opção em casos em que não há excesso de pele e que esta seja de boa qualidade. Pelo contrário, não é uma boa escolha se não pode ser operada por problemas cardíacos, anestésicos ou outros. Os preços variam desde 3.000 € (lipoescultura) a 6000 €, se for necessário fazer uma abdominoplastia, para além da lipo.

Técnicas não invasivas:

- Intralipoterapia

Através de agulhas, é aplicada, ao nível da gordura, uma substância (um polímero) que a vai destruir. «Funciona como uma espécie de mesoterapia mas mais profunda», descreve Miguel Andrade. «Depois da injeção, é possível surgir no local da aplicação inchaço, pequenas nódoas ou eritema cutâneo leve a moderado. Estas reações são normais e resolvem-se em poucos dias. Deve ser efetuada apenas por médicos formados nesta técnica», sublinha.

Esta é ideal para casos de pequenas acumulações de tecido adiposo em pessoas saudáveis. Não é para si se tem uma doença aguda, crónica ou autoimune ou uma história clínica de reações alérgicas ou anafiláticas. Cada sessão ou zona tem um custo de 190 €. O número de sessões varia em função do tipo de gordura e de volume.

- Freeze

É um equipamento que envolve a aplicação de elétrodos de (MP)2 que emitem impulsos magnéticos e de radiofrequência em distintas profundidades, elevando a temperatura de forma homogénea na área tratada. «Estimula a formação de novos micro vasos sanguíneos e de novo colagénio, favorecendo o aspeto da pele. A distribuição uniforme do calor minimiza o risco de efeitos secundários», descreve Biscaia Fraga, cirurgião plástico.

Como ajuda a diminuir edemas e permite uma boa drenagem, é usado também antes e depois de uma lipoaspiração. É a opção ideal para quem quer contrariar a flacidez e pretende eliminar pouca gordura localizada. Pelo contrário, não deve fazê-lo se tem problemas ao nível da tiroide. Cada sessão para tratar coxas, ancas e barrigas (no mínimo dez sessões) tem um custo de 70 € por sessão.

Como fazer uma boa escolha em termos de médico e de clínica?

Estes são os quatro principais cuidados a ter:

1. Certifique-se de que o cirurgião que a vai tratar é reconhecido pela Ordem dos Médicos. No site da Ordem pode verificar se pertence ao colégio da Especialidade de Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética.

2. Assegure-se de que a clínica onde vai fazer o tratamento tem alvará de funcionamento e quartos para ficar internada. Procedimentos invasivos não devem ser realizados em consultórios, mas em clínicas acreditadas para tratamentos cirúrgicos de ambulatório ou internamento.

3. Consulte um médico especialista que lhe diga qual o tratamento mais indicado para o seu caso. Se for uma lipoaspiração, de nada lhe vale fazer outro tipo de tratamento.

4. Desconfie se só lhe falarem dos bons resultados e se não existirem limitações ou problemas.

Texto: Stela Martins com Biscaia Fraga, Miguel Andrade, Luísa Magalhães Ramos e Tiago Baptista Fernandes (cirurgiões plásticos)