Quando os primeiros sinais de envelhecimento aparecem, um pequeno retoque pode ser suficiente para lhe devolver um rosto jovem. Ainda pouco usados em Portugal, os fios aptos são uma das opções disponíveis para fugir a uma cirurgia mais invasiva. São conhecidos tecnicamente como fios aptos porque procuram uma ação antiqueda dos tecidos. Também poderá ouvir o termo fios russos dado terem sido criados por um cirurgião plástico russo, Marlen Sulamanidze. A técnica, desenvolvida em 1999, consiste em introduzir e ancorar uns fios debaixo da derme.

A sua ação produz uma tração da pele que corrija a flacidez e as rugas profundas provocadas pela queda dos tecidos. Com o passar do tempo, os tecidos da cara caem para frente e para baixo e a missão do cirurgião será puxá-los para trás e para cima. Isto pode fazer-se mediante fios aptos para reposicionar zonas como a cauda das sobrancelhas, as bochechas, o pescoço e o mento (queixo). Estes fios puxam a pele na mesma direção como se fizesse um lifting cirúrgico, com a diferença de que, depois, não se pode eliminar o tecido que sobra.

Por isso, esta técnica recomenda-se apenas para peles pouco envelhecidas, em que a flacidez não seja muito acentuada. Antes de mais, é importante sublinhar que os fios faciais são recomendados apenas quando os sinais de envelhecimento são moderados. Trata-se de um procedimento temporal que pode ser útil durante uns anos e que pode funcionar bem quando a tensão a exercer sobre os tecidos é pouca, ou seja, quando a flacidez da pele não é excessiva (uma vez que o tecido que sobra não pode ser eliminado).

Mas não se pode falar deles como uma alternativa equiparada ao lifting cirúrgico, com o mesmo espectro de aplicabilidade. Isto porque, numa pele muito envelhecida, para substituir o lifting, seria necessário encher a cara de fios, subtraindo segurança e eficácia ao procedimento. Contudo, se a pele apresentar uma flacidez leve e só for preciso mexer em zonas pontuais, os “fios aptos” são, de facto, uma opção a ponderar.

Em que idade se recomendam?

Não existe uma idade concreta para se submeter a este procedimento porque depende mais do estado da pele do que da idade que a pessoa tem e há pessoas que envelhecem muito mais tarde que outras.

Em que zonas se aplicam?

Os fios aptos podem ser aplicados em qualquer zona do rosto (em uma ou várias) que se pretenda elevar, com o objetivo de recuperar os traços juvenis perdidos. Para além da face, também estão já descritas outras aplicações noutras partes do corpo, sempre com a ideia de corrigir a queda dos tecidos.

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As zonas que mais podem beneficiar com o recurso aos fios

Estas são as zonas que mais podem beneficiar com a sua utilização:

- Cauda das sobrancelhas
Os fios conseguem levantá-la, o que produz um efeito rejuvenescedor na totalidade do olhar.

- Bochechas
Recuperam o volume do osso malar e corrigem-se os sulcos nasogenianos e mentogenianos (os que vão do nariz à boca e da boca ao lado do queixo).

- Mandíbula
Redefine-se o seu rebordo, eliminando a flacidez, muito comum nesta zona a partir de determinadas idades.

- Pescoço
Estica-se a pele, melhorando o aspecto das rugas mais visíveis.

Tipos de fios faciais

Existem diferentes tipos de técnicas de fios faciais que, em função da sua estrutura e composição, têm formas distintas de aplicação e indicações diferentes. Em termos de composição, os fios podem dividir-se em dois tipos:

- Permanentes

São os mais antigos e são produzidos em polipropileno, um material utilizado comummente em suturas cirúrgicas, completamente compatíveis com o organismo e que não produzem nenhum tipo de rejeição. Não são reabsorvidos pelo organismo, daí serem designados permanentes. Recomendam--se quando existe uma maior flacidez.

- Temporários

Apareceram no ano de 2004, são feitos em polidioxanona, uma mistura de ácido poliláctico e caprolactona, que é absorvida pelos tecidos em oito, dez meses. Ainda que o fio desapareça, a fibrose que se cria ao seu redor faz com que os resultados durem mais tempo. Este tipo de fios é recomendado para peles mais jovens.

Em termos de estrutura, existem os seguintes tipos de fios:

- Fios dentados em duas direções

São fios que realizam uma tracção dos tecidos de forma autónoma porque a sua estrutura inclui uma espécie de dentes em ambos os lados. Como os dentes vão em direcções contrárias em cada extremo, os tecidos ficam em forma de gancho. Utilizam-se em peles com pouca flacidez.

- Fios dentados numa só direcção

Só têm dentes num lado do fio, porque é necessário suturar o extremo que se puxa para que a elevação dos tecidos se mantenha. Recomenda-se para pessoas com flacidez moderada.

- Fios lisos com ajustes cirúrgicos

Não têm dentes, pelo que é necessário ancorá-los cirurgicamente para conseguir manter a tensão exercida sobre os tecidos. Estão recomendados quando a flacidez é maior.

Veja na página seguinte: Como se processa a colocação dos fios

A colocação dos fios

A colocação dos fios faciais é um tratamento ambulatório, seguro, sensível e que não deixa cicatrizes. É levado a cabo com anestesia local, administrada pelo próprio médico. Segundo a quantidade de fios que se queira colocar, a intervenção pode demorar entre 20 minutos a uma hora. Damos-lhe a conhecer as regras do procedimento:

- Desenha-se e marca-se a zona que vai ter o fio debaixo da pele. Para isso, há que avaliar a zona onde se irá posicionar, o estado da pele e a quantidade de tracção que será necessária para reposicionar os tecidos.

- Desinfeta-se a zona e aplica-se anestesia local ao longo de todo o trajeto que o fio irá percorrer. Assim, consegue-se um procedimento praticamente indolor.

- Introduz-se uma cânula ou agulha no início do trajeto marcado e segue-se o mesmo através do tecido celular subcutâneo até alcançar o lugar onde se quer exercer a tração. Se se trata de um fio com ajuste cirúrgico (de ida e volta), regressa-se ao ponto de partida por um trajeto paralelo ao inicial.

- Uma vez posicionado o fio, retira-se a cânula ou agulha e puxa-se o fio. Depois, suturam-se ou cortam-se os extremos, dependendo do tipo de fio utilizado.

- O procedimento termina com a aplicação de umas tiras de esparadrapo ao longo dos fios que ajudam a sustentar os tecidos e evitam que o peso da pele ganhe sobre a fragilidade do fio. O esparadrapo pode ser retirado depois de 24-48 horas.

Resultados esperados

O efeito rejuvenescedor dos fios aptos é apreciado em dois tempos. Imediatamente depois da intervenção, observa-se o reposicionamento e a recuperação da suavidade da pele, graças ao efeito de elevação dos tecidos. À medida que os meses passam, os resultados são consolidados e produz-se um processo de cicatrização ao redor dos fios implantados. Isto gera uma acção revitalizadora e melhora visivelmente a textura do tecido cutâneo. A duração dos resultados varia muito de caso a caso e depende do grau de envelhecimento da pele quando os fios são implantados.

Depois da intervenção

Procure não mover a cara durante os primeiros dias para evitar que os tecidos caiam. Aconselha-se a não falar, rir nem gesticular. Durante as primeiras 24 horas, é recomendado que ingira apenas alimentos líquidos ou semilíquidos. Deve dormir com a face para cima para evitar virar-se durante a noite durante os três primeiros dias. Pode aplicar maquilhagem e cremes, mas deve fazê-lo de forma muito delicada para evitar massajar a pele.

Veja na página seguinte: Os medicamentos a que pode recorrer

Os medicamentos a que pode recorrer

Pode recorrer a analgésicos ou anti-inflamatórios, se necessário, sob prescrição médica. A necessidade de utilizá-los depende da quantidade de fios que lhe tenham colocado e do grau traumático do procedimento. Pode começar a realizar atividade física moderada um mês depois do procedimento. Se preferir um desporto mais intenso, há que esperar 45 dias.

Este tipo de procedimento exige anestesia local. O tipo de intervenção é ambulatória. A duração média da intervenção oscila entre 20 minutos a uma hora. A recuperação é de cerca de 24 horas. O preço pode variar, em média, entre os 900 e os 2.000 euros. Os resultados podem durar cerca de cinco anos.

Texto: Cláudia Pinto