«Uma mulher que corte o cabelo está prestes a mudar a sua vida», proferiu uma vez. A frase de Coco Chanel foi dita há décadas, mas é intemporal. O cabelo diz (e dirá sempre) muito sobre a nossa imagem, autoestima e, até, sobre o estado da nossa saúde física e emocional. Merece, pois, cuidados e produtos à medida das suas necessidades. Mas significará isso que temos de investir muito dinheiro em cuidados capilares, nomeadamente no champô?
Não, responde a dermatologista Paula Quirino. «O facto de um produto ser mais caro não significa que seja melhor e, em termos de eficácia, o local de venda [farmácias, cabeleireiro ou supermercado] é irrelevante. O mais importante, ao comprar, é estar atento aos seus princípios ativos», refere.
«Quando não existe patologia capilar e/ou do couro cabeludo, pode ser usado um champô normal, suave, para uso frequente», acrescenta. «Se houver alguma patologia, esta deverá ser tratada com fórmulas específicas», afirma ainda a especialista. Veja também a lista de conselhos que vão melhorar a sua saúde capilar num ápice.
Lavar o cabelo todos os dias faz mal?
«O cabelo deve ser lavado as vezes que forem necessárias para se manter limpo, com bom aspeto e sem oleosidade, descamação ou prurido do couro cabeludo. Aliás, se houver uma descamação persistente e intensa, que não é retirada com a ajuda da lavagem, a aglomeração das escamas e a inflamação podem condicionar a queda do cabelo. Tudo depende do tipo de cabelo (fino ou grosso), do comprimento da estrutura (liso ou encaracolado) e da atividade diária da pessoa, laboral e desportiva», desmistifica a dermatologista Paula Quirino.
Lavo o cabelo todos os dias. Que cuidados devo ter?
«A lavagem diária implica a utilização de um champô suave, de uso frequente, para preservar a integridade da pele do couro cabeludo e a qualidade da haste capilar», elucida a especialista.
Lavar o cabelo com água muito quente danifica-o?
«A temperatura elevada da água e do ar do secador fragiliza a haste capilar, ocasionando fissuras, pontas secas e espigadas. O cabelo fica baço, sem brilho. A lavagem deverá ser efetuada com água morna e finalizada com água mais fria e o cabelo deve ser enxuto com uma toalha, sem esfregar», aconselha a médica.
O meu cabelo é oleoso. Se o lavar menos vezes, deixa de o ser?
«O cabelo oleoso tem de ser lavado mais frequentemente do que um cabelo normal ou seco. Lavar menos vezes não resulta na redução da produção de gordura, pois ela é geneticamente determinada», defende Paula Quirino.
O cabelo seco deve ser lavado menos vezes?
«O cabelo seco mantém-se com aspeto limpo durante mais tempo, devido à ausência de sebo na haste capilar. Por este motivo, tem necessidade de ser lavado menos vezes. A frequência da lavagem pode depender de fatores externos, como calor e humidade, ambiente de trabalho e prática de exercício físico. Mas o cabelo deve ser lavado as vezes que forem necessárias», assegura a dermatologista.
Veja na página seguinte: Usar uma dose de champô em cada lavagem é suficiente?
Basta usar uma dose de champô em cada lavagem?
«Depende da sujidade do cabelo. O habitual é fazer duas passagens de champô. Mas cada pessoa tem a sua perceção de ter o cabelo bem lavado. A quantidade de champô utilizada depende do comprimento ou espessura do cabelo e do seu estado de sujidade», afirma.
Os champôs anticaspa são eficazes no tratamento do problema?
«Quem tem caspa deve usar, de forma regular, uma a três vezes por semana, um champô anticaspa, para manter a situação controlada. Este deve ser utilizado para lavar a pele do couro cabeludo e não o cabelo, devendo ter um tempo de atuação, no mínimo, de quatro a cinco minutos», sugere Paula Quirino.
«Como os picos de stresse podem agravar a caspa, nas férias, ela tende a desaparecer», garante a especialista. «Contudo, nessa alturas, o uso do champô anticaspa não deve ser suspenso, mas antes ser aplicado menos vezes, por semana», acrescenta ainda a especialista.
Se lavar o cabelo com champô seco, evito a sua queda na lavagem?
«Os champôs secos podem ser usados em casos extremos de recurso, quando não há acesso a água ou, por exemplo, num doente acamado, para higienizar o cabelo ou couro cabeludo. Se o objetivo é evitar a queda de cabelo, não faz qualquer sentido, porque não é a lavagem que o faz cair. O cabelo que sai na lavagem está solto, porque o seu crescimento parou há quatro meses e está outro a nascer para o substituir. Ele apenas é retirado com a lavagem», diz.
Vale a pensa usar condicionador?
«O condicionador torna o cabelo manejável, reduz a eletricidade estática, dá brilho à haste capilar e facilita o penteado, evitando o arrancar de cabelos», esclarece Paula Quirino. «Deve ser usado em todas as lavagens, sobretudo em cabelos secos, nos quais deve ser aplicado ao longo de toda a haste capilar», recomenda.
«No caso dos cabelos oleosos, pode ser aplicado apenas nas pontas», garante a dermatologista. «A maioria dos champôs já inclui na sua composição substâncias condicionadoras», afirma ainda.
As máscaras capilares são mais eficazes do que os condicionadores?
«As máscaras capilares podem ser utilizadas em todas as lavagens, assim como os condicionadores. Até porque os ingredientes são os mesmos, o que os diferencia são as formulações. Contudo, é preferível usar máscara, sobretudo em cabelos secos, pois os princípios ativos estão mais concentrados», diz.
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A máscara pode ser aplicada em todo o cabelo?
«Depende», começa por referir Paula Quirino. «Nos cabelos secos, a máscara deve ser aplicada ao longo de todo o comprimento, enquanto nos oleosos, basta fazê-lo nas pontas», aconselha ainda a dermatologista.
«Se houver uma descamação muito aderente do couro cabeludo, em algumas patologias inflamatórias, a máscara deverá manter-se em contato com a pele durante alguns minutos, pois ajuda a amolecer e a remover as escamas. Quem tem cabelos finos ou oleosos deve ainda ter atenção aos ingredientes da máscara, preferindo o silicone aos óleos, pois estes podem deixar o cabelo muito caído», diz.
O meu champô não é da mesma marca que a máscara que utilizo. Faz mal?
«Não tem qualquer interesse usar produtos de higiene e/ou cosméticos da mesma marca. Deve obter-se o melhor benefício dos princípios ativos de cada cosmético, de acordo com o objetivo pretendido, independentemente da marca», assegura a especialista.
Texto: Catarina Caldeira Baguinho com Paula Quirino (dermatologista na Climel, Clínica Médica na Figueira da Foz e no Centro de Dermatologia Epidermis no Porto)
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