À semelhança do que está a acontecer na medicina, o uso das células estaminais já começa a ser recorrente na cosmética. São uma das apostas de diversos laboratórios, sobretudo para os produtos anti-idade devido à sua capacidade natural de autorreparação. «Até agora, os benefícios encontrados são essencialmente na área da regeneração celular, na preservação do ADN celular e para prevenir o envelhecimento precoce», realça Andrea Hollaender, formadora de Mesoestetic, uma das marcas que aposta nesta tecnologia.
As células estaminais são as células não especializadas que estão na origem de todas as outras devido à sua capacidade de se transformarem noutras indiferenciadas ou em células especializadas de tecidos e órgãos. O número de células estaminais é constante ao longo da vida, no entanto, a sua atividade e poder regenerativo enfraquece e isso verifica-se também na pele.
As investigações da indústria cosmética mostram que se as células-mãe cutâneas adultas forem ativadas, têm um papel importante no combate às rugas e a outros sinais do envelhecimento e isso pode ser feito com as próprias células estaminais epidérmicas e células estaminais vegetais. Para Andrea Hollaender, esta é uma aposta ganha. «Estamos a conseguir excelentes resultados ao nível da regeneração celular graças à experiência da equipa científica de especialistas e à busca de novos princípios ativos», diz.
Regeneração cutânea
De acordo com a investigação da Dior, uma das marcas pioneiras nesta área, as células estaminais epidérmicas «são importantes produtoras de mensageiros celulares, fatores de crescimento projetados para garantir o seu próprio crescimento, mas que também atuam em todas as outras células ao seu redor. Esta é a forma como os queratinócitos da epiderme e dos fibroblastos dérmicos são nutridos por estas substâncias e atuam diretamente sobre o núcleo das células e estimulam as suas funções vitais (sobrevivência, multiplicação, síntese, entre outras)».
Carlo Pincelli, responsável pelo Laboratório de Biologia Cutânea da Clínica Dermatológica da Universidade de Modena e Reggio Emilia e consultor da LMVH, é um dos investigadores que estuda as células estaminais epidérmicas e a sua investigação, até agora, mostra que os queratinócitos estaminais são as células responsáveis pela manutenção da epiderme, fazendo com que estejam protegidas dos danos externos, devido também ao microambiente que as rodeia, o nicho, que também regula a proliferação e a diferenciação.
O que são estas células
As células estaminais surgem nos primeiros dias após a formação do embrião e têm a capacidade para se especializarem em todos os tecidos dos órgãos do corpo, dizendo-se totipotentes. Após o quinto dia, podem transformar- se na maior parte dos tecidos do organismo e chamam-se pluripotentes. Nos adultos, estão presentes em vários orgãos, mas podem dar origem apenas a células especializadas do tecido de origem e, por isso, são designadas como multipotentes.
Texto: Rita Caetano com Andrea Hollaender (formadora de Mesoestetic)
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