A forma como devemos gerir a paixão depende, antes de mais, dos nossos objetivos. Naturalmente, sendo uma emoção agradável, queremos prolongá-la o máximo de tempo possível, mas é certo, sabido e provado pela ciência, que a paixão tem uma duração limitada, acabando por se transformar noutro sentimento ou simplesmente definhando.
Comece por pensar no que quer. A sua relação atual pode ajudá-lo a chegar onde deseja a médio ou a longo prazo? Também pode optar por simplesmente aproveitar viver a paixão um dia de cada vez. Se essa escolha for consciente, já estará a gerir esse estado emocional.
1º passo: Conheça-se a si mesma
Seja o mais honesta possível e escreva as respostas que encontrar para as questões que aqui apontamos, com a colaboração do psicólogo clínico Vítor Rodrigues:
- O que pretendo desta paixão?
- Aceito os defeitos da pessoa com quem estou, recuso-me a reconhecer que existem ou isso é-me indiferente?
- Projeto nela os meus desejos, frustrações, medos ou expetativas?
- Sinto-me à vontade para ser como sou ou mostro apenas uma parte de mim (creio que se ele ou ela souber realmente como sou deixará de estar comigo)?
- Esta pessoa é estranhamente parecida com a minha mãe ou pai?
- O que sinto por essa pessoa é-me retribuído por ela?
- Estou constantemente à procura de uma paixão e nunca fico satisfeita?
2º passo: Passe à prática
Se percebeu que não é correspondida, que está a desenvolver um sentimento de posse, que está a projetar no outro uma imagem fixa de si própria, que pode estar a procurar nessa pessoa compensações para situações mal resolvidas com os seus pais ou se tem saltado de paixão em paixão sem que isso a faça feliz, algo de errado se pode estar a passar.
Se sentir que não está a conseguir lidar sozinha com a situação, procure ajuda especializada. Se, pelo contrário, percebeu que a sua relação é saudável e quer investir emocionalmente nela (e/ou que o outro também), há várias estratégias que deve por em prática para ter sucesso.
Cinco erros a evitar
1. Esperar que o seu parceiro o faça feliz, em vez de se preocupar em torná-lo feliz
2. Tentar mudar a essência do seu parceiro, em vez de se recordar que foi essa a pessoa por quem se apaixonou
3. Perder a própria identidade, autonomia ou independência. Lembre-se que foi por si que o seu parceiro se apaixonou (e não por uma cópia dele mesmo)
4. Pensar que a relação está a definhar porque a paixão diminuiu
5. Não respeitar a igualdade de ambos na tomada de decisões, os sacrifícios feitos em benefício da relação e a realização de tarefas domésticas
Para o sucesso da relação é ainda essencial que esteja consciente das diferenças entre os sexos e que tente sempre decifrar a linguagem do outro. Se a mulher tende a ver o diálogo como uma forma de procurar proximidade, o homem vê-o como forma de estabelecer uma hierarquia de poder. Assim, ele avança com soluções para mostrar que é capaz de a defender do que a preocupa, atitude que ela interpreta como forma de controlo.
Texto: Rita Miguel com Vítor Rodrigues (psicólogo clínico e ex-presidente da EUROTAS - Associação Transpessoal Europeia)
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