Quando foi a última vez que almoçou ou jantou fora sem os seus filhos (almoços e jantares de trabalho não contam)? Passou uma noite com os amigos sem falar uma só vez das crianças? Frequentou um workshop de uma atividade de que gosta? Passou uma manhã ou uma tarde a fazer bricolage ou entretido com um hobby ou fosse o que fosse que lhe tenha permitido passar umas horas felizes longe dos seus filhos?
Esperamos que não tenha sido há muito tempo. Se permitirmos que isso aconteça, nunca deixaremos de fazer o papel de pais para o resto da vida. Nós, pais que seguimos estas regras, precisamos de saber quando é altura de «desligar». É claro que ficamos sempre em standby, nunca desligados da tomada, mas podemos divertir-nos bastante em standby.
Preste atenção: esta é mesmo muito importante, porque – para além do que quer que seja – se os seus filhos são toda a sua vida, isso coloca uma pressão enorme em cima deles. Em certa medida, vão achar que o seu sucesso pessoal como mãe ou pai se baseia inteiramente no modo mais ou menos perfeito como eles procedem, e como se desenvolvem. Esta é uma carga demasiado pesada para uma criança.
Esta regra é muito mais difícil de pôr em prática nos primeiros meses – os pais podem mesmo ficar dispensados durante os três primeiros meses – mas depois tem de a instituir o mais cedo possível. Os seus filhos precisam de ter uma vida separada da sua, caso contrário é muito difícil virem a ter a sua própria vida quando crescerem. Além disso, se você se isola para construir toda uma vida à volta de refeições e horas de dormir, daqui a uns anos verá que já não tem amigos. E em que é que isso ajuda?
Ao longo dos anos, temos notado que, entre os pais que seguem estas regras, os que mais admiramos são aqueles cujos interesses nada têm que ver com o facto de serem pais. Talvez porque têm uma vida profissional que adoram, ou porque passam férias sozinhos uma vez por ano, ou porque não abdicam de ir jogar ténis todas as quintas-feiras, ou de ir andar de barco todos os sábados, ou não falham a final da taça, ou uma ida a Paris em abril, ou seja o que for que os ajude a manter a saúde mental.
Bem sabemos que é difícil e que o tempo é valioso. É claro que não podemos encontrar-nos tantas vezes com os amigos, nem chegar a casa à hora do pequeno-almoço como fazíamos antes de sermos pais. Mas não podemos prescindir de pelo menos algumas coisas que gostamos de fazer. Caso contrário, quando finalmente os filhos forem independentes e saírem de casa, não saberemos o que fazer connosco próprios.
Ideia-chave:
Entre os pais que seguem estas regras, os que mais admiramos são aqueles cujos interesses nada têm que ver com o facto de serem pais.
Texto adaptado por Maria João Pratt
Fonte: 100 regras para educar o seu filho (2009), de Richard Templar – Editorial Presença
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