Se a Regra 7 diz que os filhos têm o direito de exasperar os pais, consequentemente os pais têm o direito de fazer algo acerca disso. Como tal, somos a favor de que os pais possam fugir e esconderem-se. A sério, capazes de se enfiarem no armário mais próximo e reterem a respiração até os filhos irem embora.
Todos conhecemos a sensação. Ouvimo-los a aproximar-se cada vez mais, e a dizer: «Vou fazer queixa de ti!», «Não, eu é que vou fazer queixa de ti!». E sabemos que é a nós que eles querem fazer queixa, e não temos a menor ideia de quem fez o quê a quem ou se tinha razão ou não. O que é que os pais que seguem estas regras devem fazer? A resposta parece-nos óbvia: esconderem-se. E sabe que mais? Quando eles não conseguem encontrar-nos, quase sempre acabam por resolver o assunto ente si.
Há muitos livros sobre educação dos filhos que aconselham em pôr em prática uma «suspensão» quando as crianças se portam mal. Ou seja, mandá-las para o quarto, ou para o «canto», até acalmarem. Isto pode resultar muito bem, mas por que razão só as crianças podem divertir-se? Os pais também têm direito a uma «suspensão». Quando precisamos ed acalmar, podemos concede-la a nós mesmos. O que quer dizer afastarmo-nos das crianças seja de que maneira for – incluindo escondermo-nos.
Uma amiga contou, há muitos anos, que havia alturas em que cuidar do seu bebé a deixava de tal modo exausta e frustrada que só tinha vontade de lhe gritar. Quando perguntada sobre como é que resolvia o problema, disse que só havia uma solução. Pôr o bebé no meio do chão da sala ou do quarto, num sítio onde não pudesse acontecer-lhe mal, e depois afastar-se para onde não conseguisse ouvir os gritos dele, até se sentir refeita.
Por que motivo tantos de nós sentimos que não devemos fazer tal coisa, mesmo quando já atingimos o ponto de rutura? Sentimos que, de certo modo, estamos a falhar como pais, mas na verdade estamos a tomar a decisão mais lógica.
Pois bem, os pais que seguem estas regras compreendem que todos somos seres humanos, e que todos precisamos de fugir e de nos esconder de vez em quando. Desse modo podemos fazer um trabalho muito melhor quando voltarmos, já refeitos.
Ideia-chave:
Sou capaz de me enfiar no armário mais próximo e reter a respiração até eles se irem embora.
Texto adaptado por Maria João Pratt
Fonte: 100 regras para educar o seu filho (2009), de Richard Templar - Editorial Presença
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