A parentalidade traz consigo um sem número de desafios, aprendizagens e momentos de felicidade. A vida muda tal como a conhecemos, levando essa transição a um processo de forte impacto psicológico. Todo um caminho de preparação durante nove meses para se chegar ao grande dia: o nascimento. Um caminho que continua bem para além desse dia. Ser-se pai e mãe é mesmo uma fase única por tudo o que envolve, estimula e cria.
Se as mães são o natural foco de atenção pela vida que estão a gerar dentro de si, com todas as mudanças fisiológicas e psicológicas que uma gravidez acarreta, não nos podemos esquecer dos pais e da importância determinante que têm durante este caminho conjunto. Também eles têm medos, dúvidas, o direito de cometer erros, de não saber e a estar radiantes com o nascimento que se aproxima.
É assim importante que não guardem toda esta intensidade emocional dentro de si, que partilhem, que se libertem, que peçam ajuda. A mãe precisa de todo o suporte do seu companheiro, da sua compreensão, do seu altruísmo, da sua assertividade. Dele dependerá uma grande parte do sucesso da gravidez, seja de forma direta ou indireta. E essa pressão faz parte de se ser pai e companheiro. O que não quer dizer que se tenha de ser um Super-Homem.
Se atendermos ao contexto da pandemia atual, o mundo está a sofrer diversas alterações que estão a mexer com a forma como vivemos. E que acabam por afetar a estabilidade de muitas famílias, em diversos aspetos. Por exemplo, todos os cuidados, procedimentos e impedimentos que são agora imprescindíveis no nosso dia como forma de prevenir contágios. E enquanto a investigação prossegue em relação aos impactos da COVID-19 na saúde, muitas perguntas ficam ainda por responder relativamente à gravidez e ao efeito nos bebés. Por isso, todos os cuidados têm de estar presentes, tanto da parte da mãe como do pai, como dos familiares, amigos e colegas que com eles têm contacto. Sem exceção.
É difícil quando um pai é impedido de assistir às ecografias do seu bebé bem como noutros exames e consultas. É duro querer-se tanto fazer parte e não se poder, mesmo sendo para o bem da mãe e do bebé. Custa ficar-se à porta. É emocionalmente exigente para todos. Se há coisa que a COVID-19 tem feito é retirar-nos muito do controlo que tínhamos na nossa vida. E muitas coisas que dantes fazíamos de um modo são agora feitas de outro, é um ajustamento permanente e diário. Estamos todos a aprender.
No entanto, um pai tem diversas formas de estar presente em todas as etapas, e sentir-se útil e válido nesta importante fase da família. Eis algumas delas:
1. Acompanhando a mãe aos locais dos exames e consultas médicas.
2. Procurando estar informado do seu resultado tanto no que diz respeito ao bebé como à mãe. E claro, adquirindo toda a informação essencial ligada ao bebé e à mãe de forma gradual e de fontes credíveis.
3. Sendo prestável, aceitante e presente emocionalmente para a sua companheira.
4. Estando atento às necessidades atuais e futuras do ambiente familiar, mobilizando recursos nesse sentido.
5. Envolvendo amigos e família que sinta como próximos e incondicionais no processo de gravidez e nascimento.
6. Partilhando as suas emoções, pensamentos, expetativas, desilusões, medos e sonhos ligados a ser pai com a sua companheira e pessoas mais próximas.
7. Pedindo ajuda no que for necessário, construindo uma rede eficaz de suporte social. Se for necessário, procurando ajuda profissional a nível psicológico.
8. Antecipando soluções e alternativas para desafios e mudanças que a gravidez e nascimento trarão, tanto a nível profissional como pessoal.
9. Estimulando o seu auto-cuidado emocional e físico e adaptando-o à realidade do nascimento e dos primeiros tempos do bebé.
10. Estando com a companheira e com o bebé de forma plena. Sem tempo e sem espaço.
Luís Gonçalves - Psicólogo clínico e psicoterapeuta
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