“Estamos a passar por momentos muito difíceis, porque não sabemos [para onde ir], é uma instabilidade enorme. É uma casa que já existe há 70 anos, que formou muita gente e proporcionou que muitos estudantes tivessem acesso ao ensino superior sem terem as capacidades financeiras. E agora, em princípio, vamos acabar, porque estamos a ser postos de parte, porque Lisboa agora é para arrendar para turistas, não é para arrendar para estudantes”, declarou o presidente da República do Santo Condestável, Taras Lykhenko, em declarações à agência Lusa.

Alecrim pode ajudar estudantes a ter boas notas
Alecrim pode ajudar estudantes a ter boas notas
Ver artigo

Em causa está a não renovação do contrato de arrendamento por parte do senhorio, pelo que os estudantes têm até 30 de abril para entregar as chaves do imóvel.

De acordo com Taras Lykhenko, o atual valor da renda da República do Santo Condestável é de 2.000 euros, mas o senhorio queria aumentar para 5.000 euros, pelo que “cada residente tinha que pagar, por um quarto partilhado, só de renda 400 euros”.

Atualmente, cada residente paga 275 euros por mês, valor que “inclui a habitação, a alimentação, as despesas e também outras atividades como o desporto”, informou.

Para o representante dos “15 estudantes, de vários cursos e de várias áreas”, a residirem na República, os valores de renda pedidos pelo senhorio são “absurdos”.

“É um valor insuportável, não há maneira de conseguirmos pagar 5.000 euros de renda com 15 pessoas, é completamente irrealista”, considerou Taras Lykhenko, advogando que tais valores só são realistas se for para fazer arrendamento a turistas, já que o imóvel localiza-se numa “boa zona”, junto ao Campo Pequeno, no centro de Lisboa.

Estudantes em risco de serem despejados no final do mês

“O senhorio já mostrou que queria fazer um alojamento local onde nós estamos a viver”, revelou o presidente da República do Santo Condestável, reforçando que, “provavelmente no final deste mês, os estudantes vão ser despejados”, apesar de não terem ainda alternativas de alojamento na capital.

Neste momento, os estudantes estão a tentar resolver a situação com a Câmara de Lisboa e com a Universidade de Lisboa, “só que ainda não há soluções”, porque “o processo está a ser muito lento”, afirmou Taras Lykhenko, criticando a postura da autarquia, já que “parece que não quer ver a situação em que Lisboa está” ao nível do mercado de arrendamento.

“Precisamos de ajuda, porque as rendas estão muito altas, há muitas agências imobiliárias que nem sequer querem falar connosco porque somos estudantes e eles só querem é estrangeiros ou investidores para comprarem casas”, indicou o presidente da República, explicando que os estudantes estão empenhados em arranjar um novo imóvel para residir na cidade, mas a tarefa não tem sido fácil.

Fundada em 1948 como Lar de Estudantes Universitários, a República do Santo Condestável ganhou o estatuto de “República” em 1990, por despacho do Reitor da Universidade Técnica de Lisboa.