Medicamentos gratuitos, centros com maior capacidade e o alargamento da idade de tratamentos para os 42 anos na mulher são algumas propostas do grupo nomeado pelo Governo para debater incentivos à natalidade, na área da infertilidade.

 

De acordo com o relatório “Por um Portugal amigo das crianças, das famílias e da natalidade (2015-2035)”, apresentado na terça-feira no Porto, o grupo defende o “alargamento do apoio médico em situações de infertilidade”.

 

Para tal, os especialistas propõem uma comparticipação de 100 por cento dos medicamentos específicos, a dotação dos centros de tratamento desta doença de “maior capacidade para o atendimento e tratamento”.

 

O alargamento da idade de tratamentos para infertilidade para os 42 anos na mulher é outra das propostas.

 

O grande objetivo deste conjunto de medidas é “melhorar o acesso aos cuidados médicos de casais com problemas de infertilidade” e “diminuir o número de casais inférteis em lista de espera para o tratamento”.

 

Além destas medidas, que devem ser executadas pelo Ministério da Saúde, o grupo defende uma campanha de informação sobre as causas da infertilidade, nomeadamente sobre os comportamentos que podem provocar situações de infertilidade: “Tabagismo, obesidade e drogas”.

 

Coordenado pelo professor universitário Joaquim Azevedo, o relatório conta também como autores, entre outros, com a pediatra e diretora clínica do Centro Hospitalar Lisboa-Norte, Maria do Céu Machado, e Ana Cid Gonçalves, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas.

 

Contactado pela Lusa, o presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA) manifestou concordância com o “aumento significativo da comparticipação na aquisição dos medicamentos específicos e na dotação dos centros de tratamento da infertilidade, em particular no que respeita aos centros públicos, de maior capacidade para o atendimento e tratamento”, que o grupo propõe.

 

Em relação ao alargamento, para os 42 anos na mulher, da idade de tratamentos para infertilidade, o CNPMA demarca-se da proposta, recordando que “as taxas de sucesso das técnicas de PMA diminuem fortemente com o aumento da idade das mulheres”.

 

Por esta razão, adiantou Eurico Reis, “o Conselho entende ser preferível aumentar os incentivos e apoios às mulheres mais novas para que os tratamentos se iniciem em idades em que essas taxas de sucesso são maiores e a potencial saúde das crianças nascidas está sujeita a menos perigos”.

 

“Esse alargamento, e dada a incontornável escassez de meios disponíveis nos centros de PMA, em especial os centros públicos (do SNS), irá necessariamente provocar um aumento das listas de espera, o que acarretará, não menos necessariamente, a diminuição dos tratamentos em mulheres mais jovens cujas possibilidades de engravidar e alcançar uma gravidez de termo são maiores do que as das mulheres com mais de 40 anos”, referiu.

 

Relativamente à campanha de informação, Eurico Reis afirmou que, além do tabagismo, da obesidade, do consumo de drogas e até de práticas sexuais promíscuas e não seguras - que são iniciadas em idades cada vez mais precoces -, existem outras razões para o aumento da infertilidade, como por exemplo a poluição (atmosférica mas não só) e o stress.

“Para ser verdadeiramente eficaz, uma campanha teria também de chamar a atenção para esses perigos”, disse.

 

Eurico Reis considera que “tal campanha deveria advogar, mesmo que apenas nos estabelecimentos de ensino públicos, a introdução, de forma global e generalizada para os adolescentes, de uma disciplina de educação sexual nas escolas”.

 

Por Lusa