“Tempo de serviço não se negoceia, conta-se”, insistem os sindicatos em comunicado. Se em algumas escolas a adesão se ficou pelos 20%, outras fecharam portas devido à greve dos professores, de acordo com os dados avançados pelas estruturas sindicais, que têm tido como porta-voz a Fenprof, a maior organização sindical do setor.

Exemplo disso é a Escola Básica 2, 3 - El Rei D. Manuel I, em Alcochete. A unidade de ensino, que pertence ao Agrupamento de Escolas de Alcochete, está hoje encerrada. As auxiliares de ducação juntaram-se aos professores neste quarto e último dia de greve dos professores. No entanto, a Escola do 1º Ciclo da Restauração, que pertence ao mesmo agrupamento, continua a lecionar.

Escolas fechadas ou a meio-gás. Mas em Braga o protesto “não se faz notar”
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Já em Braga, a greve dos professores marcada para hoje "não se está a notar" numa das principais escolas da cidade , disse à Lusa a diretora do agrupamento escolar da escola Escola Secundária Carlos Amarante. Às 08h10, à porta desta unidade de ensino, no centro de Braga, a azáfama era muita, como em qualquer dia de aulas, segundo constatou a Lusa no local, com alguns grupos de estudantes a anteciparem um "dia chato e normal de aulas".

Os estudantes explicaram ter esperança que os docentes não aderiam ao protesto marcado pelos sindicatos para o dia de hoje, assim como os pais que trouxeram os filhos "como todos os dias"para as aulas, expectativas que se confirmaram. "Normal, está a decorrer de forma normal. Os alunos estão nas aulas, estão alguns na sala do aluno, mas será uma turma. Não se nota mesmo. Creio que falta um professor no pavilhão, outro lá em cima, mas não se está a notar aqui", adiantou a presidente do concelho diretivo Hortense Santos.

Para os alunos, a falta de adesão dos professores à greve é um "alívio": "Já estamos um pouco cansados disto. Há greve, não há greve. Entendemos que eles [os professores] tenham os seus motivos, mas ao longo do ano já é um exagero de dias assim", admitiu à Lusa João Carvalho, aluno do 11º ano.

Bruno Silva, aluno do 12º ano, explicou que "o mais chato é a incerteza de virmos e não haver aulas e depois a matéria ter de ser dada à pressa porque não há tempo e em ano de exames nacionais isto não é nada bom". Os "constrangimentos" da greve parece ser das "poucas coisas" que pais e adolescentes concordam: "Isto de nunca saber se os nossos filhos vão ou não ter aulas causa muitos problemas, nomeadamente não sabermos onde os deixar caso não tenham aulas", apontou Ana Cunha, mãe de um aluno do 8º ano.

Greve pode afetar todo o país

A greve de professores, que sob a forma de paralisações regionais percorreu todo o país, termina hoje, com a paralisação a afetar no quarto e último dia as escolas do norte e da região autónoma dos Açores. Sendo o último dia, está previsto no pré-aviso de greve que os professores do país inteiro adiram à paralisação.

Segundo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a greve registou uma adesão média a rondar os 70%, mas o balanço final é feito hoje à tarde pelo secretário-geral da federação sindical, Mário Nogueira, numa conferência de imprensa no Porto, para a qual promete uma análise aos resultados da greve e das recentes declarações do ministro da Educação sobre a contagem do tempo de serviço congelado aos professores.

A greve tem como principal motivação a falta de consenso sobre a contagem de todo o tempo de serviço, no processo de descongelamento das carreiras da Função Pública.

A tutela admite descongelar dois anos e dez meses de tempo de serviço aos docentes, mas estes não desistem de ver contabilizados os nove anos e quatro meses, embora admitam um processo faseado.

A greve foi convocada pelas dez estruturas sindicais de professores que assinaram a declaração de compromisso com o Governo, em novembro, entre as quais as duas federações - Federação Nacional de Educação (FNE) e Fenprof - e oito organizações mais pequenas.

A greve arrancou na terça-feira nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém e na região autónoma da Madeira, concentrou-se na terça-feira na região sul (Évora, Portalegre, Beja e Faro) e chegou na quinta-feira à região centro (Coimbra, Viseu, Aveiro, Leiria, Guarda e Castelo Branco).

A paralisação termina hoje na região norte (Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança) e na região autónoma dos Açores.