“Vivemos hoje, com estes programas, uma situação a carecer de intervenção urgente no ensino da Matemática que, não só está a aumentar o insucesso, como, no caso do Ensino Secundário, a afastar os alunos da área das Ciências e Tecnologias e Socioeconómicas”, lê-se na carta aberta da Associação dos Professores de Matemática (APM), hoje divulgada à comunidade educativa.

No que diz respeito ao programa de Matemática A, do ensino secundário, a associação entende que “o programa de 2014 deve ser suspenso, e que se deve proceder a uma avaliação do programa anterior em vigor até 2015 e a uma eventual reformulação de acordo, com os dados dessa avaliação”.

“No que se refere ao Programa de Matemática e Metas Curriculares para o Ensino Básico, a APM considera que são inapropriados, em muitos aspetos fundamentais e de impossível cumprimento, manifestando uma vez mais a sua preocupação pelas inúmeras perturbações e problemas que a sua implementação tem vindo a causar, quer pela extensão, quer pelos conteúdos, e sobretudo pelas abordagens preconizadas”, lê-se no documento.

A associação entende que as atuais metas devem ser substituídas “por orientações curriculares por ciclo de ensino”, e que os três anos de aplicação do programa de Matemática do ensino básico de 2013, com vista a eventuais “alterações curriculares que se entenderem necessárias”.

“Estas alterações visam permitir favorecer um ensino da Matemática que privilegie, nos alunos, o desenvolvimento das capacidades matemáticas de resolução de problemas, raciocínio e comunicação em matemática, cálculo mental e capacidade de lidar com representações e conexões matemáticas com o mundo envolvente, não se limitando ao ensino de procedimentos, terminologias, formalizações e até alguns conceitos, muitas vezes precocemente introduzidos e totalmente desadequados aos ciclos de ensino a que se dirigem”, conclui o documento.

Para a APM, as consequências do atual panorama são o aumento do insucesso escolar, e o favorecimento de “ atitudes negativas dos alunos face à matemática, afastando-os, cada vez mais, da disciplina”.