A prematuridade é a primeira causa de internamento dos recém-nascidos em Portugal. A Unidade Neonatal de Cuidados Intensivos da Maternidade de Júlio Diniz, no Porto, acolhe anualmente entre 500 a 600 bebés, a maioria nessa condição. No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, realizam-se, por ano, cerca de 3.000 partos. Mais de 10% dos recém-nascidos, cerca de 400, ficam lá internados.

No Hospital de Faro, há cerca de 350 bebés que nascem prematuros ou com complicações que exigem cuidados intensivos especiais. Na Unidade de Neonatologia da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), na capital, os internamentos anuais rondam os 600, como confirmou, em entrevista ao Modern Life, Teresa Tomé, a pediatra neonatalogista que dirige o serviço.

Os cuidados neonatais são fundamentais em termos de impacto na taxa de sobrevivência dos recém-nascidos, assim como no seu bem-estar e bom desenvolvimento. É grande a percentagem de bebés a exigir internamento? E quais as principais causas?

Temos cerca de 600 internamentos anuais na unidade de neonatologia da MAC. Como causas, destacam-se a prematuridade e as patologias que lhe estão associadas.

Em Portugal, os cuidados neonatais são suficientemente valorizados?

Os cuidados neonatais foram valorizados e enquadrados na rede de referenciação neonatal. Penso que a nossa realidade contempla a adequada valorização dos cuidados perinatais, desde a valorização da assistência ao parto até à assistência ao recém-nascido de risco.

Em termos de avanços hospitalares que permitiram diminuir a taxa de mortalidade neonatal em Portugal, há boas notícias ou ainda temos um longo caminho a percorrer?

Percorremos já um caminho de sucesso com redução marcada da mortalidade neonatal. Mas estes resultados exigem sempre consolidação…

De um modo geral, o que é que tende a faltar mais? Quais são os equipamentos que necessitam de acompanhar a evolução tecnológica que os cientistas ainda não vos conseguiram desenvolver ou que já existem lá fora e ainda não chegaram a Portugal?

Neste momento, além da organização das equipas médicas e das equipas de enfermagem, é necessária a atualização do equipamento e das condições de monitorização que ainda não estão generalizadas, como é o caso da monitorização cerebral e da oximetria.

A MAC foi um dos últimos beneficiários do Projeto Chicco Dá Vida. Que equipamentos receberam e em que medida vos foram úteis?

A Maternidade Alfredo da Costa recebeu, em resultado da edição de 2016 da campanha Chicco Dá Vida, um ventilador neonatal e equipamento para fototerapia e módulos para monitorização. Estes equipamentos permitem-nos prestar suporte ventilatório mais adequado e monitorizar de forma mais sensível esse mesmo suporte, melhorando a qualidade da assistência prestada aos nossos bebés.

Texto: Luis Batista Gonçalves