No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, as organizações sociais levantam a necessidade e urgência de agir para implementar medidas que corrijam as deficiências identificadas na proteção das crianças e superem a estagnação que, pela primeira vez em 20 anos, ocorreu neste objetivo que deveria ser alcançado em quatro anos.

Os níveis mais elevados de pobreza instalados em muitas famílias pela covid-19 favoreceram o aumento do trabalho infantil e, em particular, do trabalho infantil perigoso, especialmente na América Latina e nas Caraíbas, alerta a Organização das Nações Unidas (ONU).

Para o Secretário de Estado para a Agenda 2030 de Espanha, Enrique Santiago, não se deve desistir deste objetivo, sublinhando que a decisão das Nações Unidas de declarar 2021 o Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil é “uma boa notícia e uma oportunidade” de renovar compromissos e parcerias para pôr fim a esta situação.

“A quatro anos de alcançar essa meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é necessário implementar ações e medidas urgentes, caso contrário será muito difícil de alcançar”, disse Santiago.

O trabalho infantil aumentou pela primeira vez em 20 anos e a pandemia ameaça empurrar mais nove milhões de crianças para o trabalho infantil até 2022, adverte as Nações Unidas. Para o erradicar até 2025, o progresso global teria de ser quase 18 vezes mais rápido do que nas duas últimas décadas.

De acordo com o relatório da Unicef e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apresentado esta semana, os maiores aumentos de casos verificam-se entre as crianças dos 5 aos 11 anos – mais 16,8 milhões do que em 2016.

“O número de crianças em trabalhos perigosos também aumentou, de 72,5 milhões para 79 milhões, mais 6,5 milhões”, destaca o diretor do Escritório da OIT para Espanha, Joaquín Nieto. Por setor, 70% das crianças trabalham na agricultura, 20% nos serviços e 10% na indústria.

Se não forem tomadas medidas adequadas rapidamente, Nieto estima que dentro de quatro anos haverá 140 milhões de crianças a trabalhar, tendo em conta a velocidade da mudança entre 2008 e 2016.