Os pais dos 16 alunos inscritos na Escola Primária da Lapa do Lobo, Nelas, prometem continuar a levar os seus filhos a este estabelecimento de ensino, apesar de o Ministério da Educação ter ordenado o seu encerramento.

 

"Vamos fazer força para que a Escola Primária da Lapa do Lobo continue aberta, nem que seja pelo menos com uma sala de apoio. Têm de nos ouvir", disse Anabela Trindade, mãe de um menino de sete anos inscrito no 2.º ano.

 

De acordo com a porta-voz dos pais, "nenhuma das 16 crianças inscritas na Primária de Lapa do Lobo se apresentou na escola de acolhimento no arranque do ano letivo".

"Viemos todos, pais e alunos, para a Escola da Lapa do Lobo. É aqui que pretendemos que os nossos filhos fiquem", acrescentou.

 

Para esta encarregada de educação, é de uma "extrema irresponsabilidade que se fechem escolas para transferirem alunos para outras em piores condições".

 

"A Escola Primária de Canas de Senhorim nem refeitório tem. As crianças terão de deslocar-se para ir almoçar", lamentou.

 

Contactada pela agência Lusa, a vereadora da Câmara de Nelas Sofia Relvas mostrou-se solidária com os pais e familiares dos 16 alunos inscritos na Escola Primária Lapa do Lobo, que se recusam a frequentar a escola de acolhimento, em Canas de Senhorim, por propor "piores condições que a anterior".

 

"Estive esta manhã com os pais e alunos à entrada da Escola Primária da Lapa do Lobo, que prometem continuar a trazer os filhos a este estabelecimento de ensino até que alguém do Ministério da Educação venha ao local conversar e arranjar uma solução justa", alegou.

 

Sofia Relvas sublinhou que o encerramento da escola é uma medida que "prejudica altamente a população".

 

"Esta decisão do Ministério da Educação não contou com o acordo da Autarquia de Nelas. Jamais o poderíamos fazer em relação a uma escola de uma freguesia que tem 16 alunos inscritos na primária e outros 15 no pré-escolar", defendeu.

 

Na sua opinião, é necessário analisar cada caso em particular e não apenas interpretar números a partir de secretárias em Lisboa.

 

"É necessário conhecer bem o terreno antes de se tomar qualquer decisão. Nesta freguesia, temos uma fundação privada com um investimento enorme que não pode ser ignorado e que tem atraído novas famílias", acrescentou.

 

Sofia Relvas apontou ainda que a "injusta decisão" do Ministério da Educação propôs para escola de acolhimento um estabelecimento "que não tem espaço suficiente e nem sequer possui ainda refeitório".

 

Na semana passada, o presidente da Câmara de Nelas, Borges da Silva, informou que a Escola Primária da Aguieira mantém-se aberta no ano letivo de 2014/2015, depois de ter constado da lista de estabelecimentos de ensino a encerrar.

 

Para além da Escola Primária da Aguieira, que vai ter duas salas em funcionamento, o autarca também fez saber que a Escola de Vale de Madeiros vai manter portas abertas, com uma sala com alunos do primeiro ao quarto ano.

 

Em julho, a Câmara de Nelas tinha aprovado por unanimidade uma moção de repúdio ao Governo, por ter decretado o encerramento de quatro escolas primárias no concelho, todas elas do Agrupamento de Escolas de Canas de Senhorim.

 

"Tal encerramento é feito sem que em tal decisão tenha sido respeitada a posição da Câmara de Municipal e das juntas de freguesia das localidades envolvidas, autarquias que sempre se manifestaram contra tal encerramento", evidenciaram na altura.

 

A Câmara de Nelas rejeitava assim a decisão do Governo que visava o encerramento das escolas do 1.º ciclo do ensino básico de Aguieira, Vale de Madeiros, Lapa do Lobo e Póvoa de Santo António, todas elas do Agrupamento de Escolas de Canas de Senhorim.

 

Por Lusa