As aprendizagens essenciais não incluem a tradicional lista de obras obrigatórias para a disciplina de Português no Ensino Secundário, ou seja, obras como "Os Maias", de Eça de Queirós, ou outras de Almeida Garrett, Alexandre Herculano ou Camilo Castelo Branco, até agora obrigatórias, deixam de o ser.
A partir de agora, os alunos terão apenas de ler uma obra de autor à escolha do professor, em vez de um livro específico.
A novidade pode ser consultada nos documentos disponíveis na página da Direção-Geral da Educação. Os formulários estão em consulta pública até 27 de julho e neles pode ler-se essa possibilidade de "escolher um romance" ou "três poemas".
Esta medida já entrou em vigor em 230 escolas que fizeram parte do projeto-piloto da flexibilidade curricular no ano passado.
O que interessa é conhecer a obra do autor, pois qualquer leitura feita deve permitir fazer outras
"Há uma diminuição das obras propostas para leitura, que coexiste com o alargamento das opções que podem ser tomadas pelos professores", confirma ao jornal Público a presidente da Associação de Professores de Português (APP), Filomena Viegas. "O que interessa é conhecer a obra do autor, pois qualquer leitura feita deve permitir fazer outras", justifica.
Mudanças também na Matemática
"Como acontece com todos os documentos que têm saído deste ministério, também as aprendizagens essenciais são extremamente pobres e vagas quanto aos conteúdos matemáticos", comentou o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Jorge Buescu, ao referido jornal.
Para este académico, a publicação do documento é "um grande recuo" no caso do ensino da Matemática A. Este responsável aponta ainda para o facto de as referências programáticas existentes apontarem para o antigo programa da disciplina, aprovado em 2002, e que foi sempre contestado pela Associação de Professores de Matemática.
Alterações na disciplina de História
Também o ensino de história não escapa a mudanças: a herança muçulmana na Península Ibérica volta a estar patente na disciplina de História A do secundário e desaparece no ensino básico.
No 10.º ano, no que respeita ao período da Idade Média, eliminou-se toda a dimensão cultural - arte gótica, religiosidade, universidades - apesar de posteriormente se propor aos alunos que problematizem a produção artística em Portugal, partindo do exemplo do estilo gótico-manuelino.
"Nalguns casos houve alguma da desejada simplificação, mas noutros temas fizeram-se ora acrescentos ora apagões, que podem comprometer a compreensão histórica", opina Elisabete Jesus, professora de História e autora de livros e recursos educativos, citada pelo jornal supracitado.
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