Nas últimas décadas, a disponibilização de dados internacionais sobre o bem-estar melhorou “consideravelmente”, mas essas informações continuam a ser escassas e limitadas diz a OCDE no relatório “Medir o que é importante para o bem-estar das crianças e políticas”, em que refere também que “ainda há muitas áreas das vidas das crianças que não estão bem abrangidas ou, em alguns casos, não estão abrangidas de todo pelos dados internacionais”.
No documento, a OCDE descreve um “enquadramento aspiracional” que os países deveriam seguir para medir o bem-estar infantil, assente em quatro áreas nucleares: o acesso a recursos materiais, o estado de saúde e desenvolvimento físico, aspetos sociais, emocionais e culturais e aqueles relacionados com a educação e desenvolvimento cognitivo.
De acordo com o relatório, esta última área - educação e desenvolvimento cognitivo - é a única em que os dados tendem a estar amplamente disponíveis, além da saúde e bem-estar físico, mas apenas a respeito dos adolescentes.
“Algumas dimensões das vidas das crianças têm uma cobertura melhor do que outras nos dados internacionais”, sublinha a organização, referindo que, ao contrário dessas áreas, existe uma escassez de dados comparáveis referentes ao bem-estar social e emocional das crianças, ao seu bem-estar económico e material e, de maneira geral, sobre as crianças nos primeiros anos de vida.
Além desta faixa etária, existem também grupos específicos sobre os quais a informação disponível é insuficiente, designadamente as crianças em posições marginalizadas, por exemplo, com deficiências, institucionalizadas, em contexto familiar de violência ou em situação de sem-abrigo.
O relatório denota também uma preocupação em conhecer melhor as perceções das próprias crianças e jovens e essa é precisamente uma das prioridades recomendadas pela OCDE.
“Os especialistas veem cada vez mais o valor de ouvir os pensamentos e visões das crianças sobre aspetos das suas próprias vidas, por múltiplos motivos”, sublinha a organização, apesar de reconhecer as dificuldades em recolher dados deste tipo.
Perante este cenário, a OCDE aponta a necessidade de ações coordenadas de governos, organizações internacionais e da comunidade para melhorar a disponibilização de dados sobre as crianças que permitam a comparação entre países.
“Esta é uma tarefa considerável. Exigirá investimentos significativos e o compromisso a médio a longo prazo de todos os atores envolvidos”, lê-se no relatório, que acrescenta, por outro lado, que “o desenvolvimento de políticas de bem-estar infantil requer informações profundas e sólidas” sobre aquelas áreas centrais.
Em concreto, a OCDE refere a necessidade de preencher lacunas especificas, como o contexto familiar das crianças, a sua saúde, as suas perceções e confiança relativamente à sua identidade, pessoal, de género, social e cultural, ou as aprendizagens em áreas além da leitura, matemática e ciência, que são as mais frequentemente analisadas.
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