Foi identificada, pela primeira vez numa criança, uma variante do VIH associada ao surgimento tardio dos primeiros sintomas da Síndroma Da Imunodeficiência Adquirida (SIDA). O caso, reportado por investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, foi publicado no Journal of Medical Microbiology Case Reports e refere-se a uma criança de cinco anos, que não revelara indícios de infeção do VIH. Apesar de frequentar o infantário, nunca desenvolveu patologias infecciosas oportunistas e nunca foram registadas reações adversas à vacinação do Plano Nacional de Vacinação. A infeção, detetada através de análises de rotina, terá sido transmitida pela mãe durante a gravidez, parto ou amamentação.

O que descobriram os investigadores portugueses?

Através de um estudo detalhado do gene do VIH, os investigadores encontraram argumentos fortes para o facto do vírus não se ter manifestado durante tanto tempo, a presença de duas mutações descritas como estando envolvidas no aparecimento tardio dos primeiros sintomas da doença.

Porque é importante?

A inclusão do estudo destas mutações na rotina clínica poderá permitir «prever a evolução do vírus e evitar a administração de medicação antirretrovírica numa fase precoce do diagnóstico. Além de proteger o doente, possibilitaria reduzir custos aos serviços de saúde», explica a coordenadora do estudo Teresa Gonçalves.

Teste ao VIH incluído em análises de rotina

Da próxima vez que o seu médico lhe prescrever análises de rotina ao sangue é possível que ele inclua o teste à infeção por VIH. Antes apenas prescrito durante a gravidez e em caso de comportamentos de risco, o teste passa, agora, a poder fazer parte das análises médicas pedidas a adultos entre os 18 e os 64 anos. Os pacientes que não desejem fazer a prova podem recusar-se a fazê-lo. No entanto, a sua realização, pelo menos uma vez, é «uma mais-valia» que vai ajudar no rastreio precoce da doença, referiu, em declarações à agência lusa, a presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida, Maria Eugénia Saraiva.