“Cada vez mais, encontramos crianças com excesso de peso a viver em países onde a subnutrição ainda é uma questão", diz o diretor do departamento de Nutrição para a Saúde e o Desenvolvimento da OMS, Francesco Branca.

Embora afirme que é "vital manter os esforços para reduzir a subnutrição", o responsável sublinha que "o mundo precisa de fazer muito mais para prevenir e cuidar do número crescente de pessoas com excesso de peso e obesidade que vivem em países de médio e baixo rendimento”.

As declarações de Branca, citadas num comunicado da OMS, surgem a propósito do lançamento pela organização de uma revisão das políticas globais de nutrição e de um pacote de 24 medidas essenciais para abordar os problemas da nutrição a nível mundial.

A melhoria da nutrição das mulheres grávidas e a amamentar, o encorajamento da amamentação, a promoção do consumo de alimentos sólidos apropriados pelas crianças e o fornecimento de suplementos nutricionais e alimentos fortificados quando necessário são algumas das medidas preconizadas.

A OMS alerta que tanto a subnutrição como a obesidade e o excesso de peso - todos eles formas de malnutrição - têm causas e consequências intimamente ligadas às falhas dos sistemas de alimentação. Um sistema alimentar que não fornece uma quantidade suficiente de alimentos de qualidade pode levar tanto a um fraco crescimento como a um excesso de peso, alerta a organização.

Uma criança que cresceu pouco nos seus primeiros anos de vida pode tornar-se um adolescente pequeno mas com excesso de peso e, mais tarde, desenvolver doenças crónicas em adulto, pode ler-se no comunicado da OMS.

A nível global, mais de 100 milhões de crianças com menos de cinco anos têm baixo peso e 165 milhões têm baixa estatura para a idade, um indicador melhor para a subnutrição crónica, alerta a agência da ONU para a saúde.

A organização estima que 35% de todas as mortes entre crianças com menos de cinco anos estejam associadas à subnutrição.

Ao mesmo tempo, 43 milhões de crianças da mesma idade sofrem de excesso de peso ou obesidade.

Segundo a OMS, mais de 75% das crianças com excesso de peso vive em países em desenvolvimento e a prevalência em África quase duplicou nos últimos 20 anos.

“Com o prazo de 2015 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio a menos de 1000 dias de distância, estes relatórios fornecem aos países e aos parceiros uma análise urgentemente necessária do que tem de ser feito e um guia consolidado de como chegar lá", disse Branca.

No ano passado, a assembleia mundial da Saúde definiu novos objetivos para 2025, que incluem uma redução de 40% no número de crianças com baixa estatura, uma diminuição de 50% no número de mulheres em idade reprodutiva com anemia e uma quebra de 30% no número de bebés com baixo peso à nascença.

Não aumentar a proporção de crianças com excesso de peso, aumentar a taxa de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses para 50% pelo menos (atualmente é de 38%) e reduzir a proporção de crianças com baixo peso para a altura para menos de 5% (atualmente é de 8%) são outras metas.

 

Lusa