Um novo estudo da Universidade de Cincinnati não só descobriu que os pais se sentem responsáveis sobre a tomada de ação quando seus filhos lutam com questões sociais, mas também que os pais são influenciados por suas próprias memórias de infância.

 

Jennifer Davis Bowman, investigadora, apresentou ontem esta pesquisa na 108ª reunião anual da Associação Americana de Sociologia.

 

O estudo de Jennifer Bowman examinou o uso pelos pais do que é denominado biblioterapia – utilização dos livros como intervenções para as crianças que sofrem de lutas sociais que podem surgir a partir de deficiências como o autismo ou síndroma de Down.

 

A biblioterapia envolve livros com personagens que enfrentam desafios semelhantes aos que o seu público leitor enfranta, ou livros que têm histórias que podem gerar ideias para atividades de resolução de problemas e discussões. Jennifer Bowman diz que investigações anteriores descobriram que a biblioterapia pode melhorar a comunicação, a atitude e reduzir a agressividade de crianças com deficiências sociais.

 

«Os pais participantes no estudo descobriram que tanto a leitura de lazer como a leitura académica (com propósito para ensinar/aprender conteúdos escolares) foram benéficas para a biblioterapia», afirma a investigadora. «Os pais sentiram que estratégias que melhoram a compreensão da leitura, o vocabulário e as habilidades de pensamento de ordem superior também reforçam a resposta dos filhos para a intervenção.»

 

«Os pais também relataram que seus próprios sentimentos sobre literatura foram criados na infância e continuaram até à idade adulta», diz Jennifer Bowman. «Os pais que amavam a leitura em crianças trabalhavam para incorporarem a leitura na rotina diária dos filhos. Por outro lado, os pais que eram indiferentes sobre a leitura em criança, mostraram-se preocupados com que o seu próprio filho sentiria o mesmo, e os pais relataram que fizeram um grande esforço para impedir que tal acontecesse.»

 

Os pais relataram ocasiões em que as crianças não concordavam com a seleção do livro, mas o pai em questão selecionou o livro como uma intervenção para resolver um determinado comportamento. Outros desafios envolveram a duração da atenção da criança durante a leitura do livro. No entanto, apesar de pesquisas anteriores terem mostrado que os pais estavam relutantes em se envolverem nas intervenções sociais, Jennifer Bowman diz que sua investigação revelou que os desafios percebidos em torno da biblioterapia (tais como modificar a intervenção), na realidade fortaleceram a dedicação e a persistência dos pais.

 

A autora do estudo diz que a sua investigação revelou, finalmente, que os pais sentiram que é sua responsabilidade intervir quando o filho tinha problemas sociais. «A fim de manter um saudável sentido de responsabilidade, é essencial que os pais tenham acesso aos apoios sociais disponíveis para os seus filhos», declara. «Procurar um diálogo aberto com profissionais, como conselheiros escolares, assistentes sociais escolares e representantes de organizações parentais será benéfico para facilitar o acesso dos pais a serviços de apoio.»

 

 

Maria João Pratt