As mulheres com problemas de fertilidade correm maiores riscos de morrer mais cedo. A tese é defendida por um novo estudo da Perelman School of Medicine, a escola de medicina da Universidade da Pennsylvania, nos EUA, que assegura que existe uma correlação entre problemas de fecundidade e a mortalidade feminina. Uma investigação anterior já tinha descoberto que com os homens sucede o mesmo.

De acordo com os cientistas, a infertilidade feminina aumenta o risco de cancro. Os especialistas apuraram que, em mulheres com antecedentes de problemas de fecundidade, a percentagem pode atingir, em média, os 10% mas, no caso das doenças cancerígenas, aproxima-se dos 20%. Os números foram avançados no congresso da American Society of Reproductive Medicine, no Texas.

A descoberta portuguesa

As causas para a infertilidade são várias. Uma delas foi descoberta em Portugal há uns anos por uma equipa de investigadoras do Instituto Gulbenkian de Ciência, desvendando um mistério com 80 anos. Já se sabia que, no momento da fecundação, umas pequeníssimas estruturas existentes nas células do óvulo, os centríolos, são eliminadas e são os centríolos trazidos pelo espermatozoide que ficam.

Mas porquê? O grupo coordenado pela investigadora Mónica Bettencourt-Dias estudou estas estruturas durante sete anos e descobriu que se o mecanismo de eliminação dos centríolos falhar, o embrião não se desenvolve. Na altura, o estudo explicou, pela primeira vez, à comunidade científica como esta etapa fundamental para a reprodução sexual e a fertilidade ocorre.

Publicado na revista científica Science, em maio de 2016, revelou pormenores de um processo que, a acontecer noutras células, pode ser importante para o estudo sobre a regeneração de tecidos e o cancro. No entanto, como sublinham vários especialistas internacionais, ainda são muitas as descobertas por fazer neste campo. Em Portugal, um em cada seis casais sofre de infertilidade.