"O maior impacto para o indeferimento é o rendimento per capita do agregado familiar superior ao limite fixado", disse o diretor-geral do Ensino Superior (DGES), João Queiroz, referindo que são também apontadas como razões a falta de aproveitamento escolar no ano anterior à candidatura ou a conclusão do curso fora do período estabelecido, entre outras.

O responsável sublinhou que a não aprovação das candidaturas "leva a uma forte probabilidade de abandono escolar", podendo fazer com que os alunos necessitem de obter emprego para pagar os estudos ou apresentem atrasos ou dificuldades no pagamento de propinas e outras despesas.

Segundo os dados apresentados esta sexta-feira (08.07) por João Queiroz numa conferência em Coimbra, a percentagem de estudantes que concorreu a bolsa em 2015/2016 (26%) foi ligeiramente superior a 2009/2010 (24%), mas nesse ano a taxa de aprovação de candidaturas foi superior (83%).

20% dos alunos no ensino superior recebem bolsa

Neste momento, 20% dos alunos no ensino superior em Portugal (público e privado) recebem bolsa de estudos, sendo que no presente ano letivo o valor médio da bolsa foi ligeiramente inferior a 2.000 euros anuais.

Segundo João Queiroz, o número de beneficiários de bolsa tem "aumentado ligeiramente", registando-se 68.819 bolseiros no ano letivo que está a terminar (mais 5.000 do que em 2014/2015).

A tendência, afirmou, é para que o número de bolsas continue a aumentar, devido, fundamentalmente, ao número de estudantes que entram nos politécnicos para frequentar Cursos Técnicos Superiores Profissionais (também são abrangidos pela ação social), sendo que a taxa de aprovação de candidaturas destes alunos "é ligeiramente superior à generalidade das bolsas".

O valor total pago em bolsas de estudo é de cerca de 133 milhões de euros, dos quais 121 milhões são aplicados em bolsas de estudo no ensino superior público e o restante no privado.

Este valor diminuiu face a 2009/2010, em que havia 74 mil beneficiários, tendo sido gastos 163 milhões de euros em bolsas nesse ano. Apesar disso, o valor aumentou cerca de três milhões de euros relativamente ao ano letivo de 2014/2015.

João Queiroz falava no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra (UC), na conferência "Horizontes da Ação Social no Ensino Superior", promovida pelos Serviços de Ação Social da UC, que comemoram 50 anos de existência.