A maioria dos homens que são pais está hoje mais envolvida na educação dos filhos. Eles procurar estar presentes nas atividades dos mais pequenos e preocupam-se em temperar a sua faceta masculina – ligada à força e à autoridade – com um lado mais carinhoso. A conclusão é de um estudo sociológico conjunto da Brigham Young University (BYU) e da Ball State University (BSU), que envolveu 2.194 pais de crianças entre os 2 e os 18 anos.
A pesquisa, publicada no Journal of Marriage and Family, revela que a paternidade contempla hoje um acompanhamento e uma preocupação maior do que antes. “Os pais preocupam-se em estar presentes fisicamente, por exemplo num jogo ou num recital de piano, mas também emocionalmente, de forma dar apoio e carinho em momentos difíceis”.
Kevin Shafer, professor de sociologia da BYU e co-autor do estudo, disse ao Journal of Marriage and Family que “embora a maioria encare o seu papel como um trabalho de equipa permanente, ao lado da mãe, ainda há um grupo de pais que acredita que a sua maior tarefa é fazer de chefe de família e disciplinador”.
O estudo revela outro dado curioso e que passa pela correlação entre sinais negativos da masculinidade tradicional e menor envolvimento na educação das crianças. Ou seja, os que se comportam de forma mais “dura” tendem a ser menos presentes e afetuosos.
“É importante entender o que é a masculinidade”, sublinhou Kevin Shafer. “Existem alguns aspetos muito benéficos na masculinidade – se forem orientados para a objetividade e a lealdade, por exemplo. No entanto, os mais problemáticos, como a agressão, o não demonstrar emoções e a dificuldade em pedir ajuda são aspetos negativos da masculinidade tradicional que tendem a prejudicar a família”, conclui.
Os investigadores perceberam que, em média, as crianças mais novas têm uma interação forte com os pais várias vezes por semana e que se pode manifestar em brincadeiras e passeios. Já os mais velhos, por vezes, vêm a relação mais cingida às questões de disciplina, mas sabem que eles estão bem informados sobre as suas atividades.
Em termos emocionais, concluiu-se que os pais de crianças mais pequenas encontraram no afeto trocado com os filhos algumas memórias do seu passado e que os pais de miúdos mais velhos admitiram que é comum serem procurados pelos filhos em busca de apoio emocional.
Os sociólogos das duas universidades dizem que, nas últimas décadas, os ideais da paternidade têm estado em constante mutação, muito devido à alteração de expectativas sobre os comportamentos paternos.
“Eles continuam a navegar nas expectativas sociais”, afirmou um outro autor do estudo, Lee Essig. “À medida que as tendências sociais empurram o homem para um maior envolvimento familiar, vemos mais pais a mobilizar-se para ter um papel ativo na vida dos filhos, e de várias maneiras”.
A mesma fonte salientou que “quando ensinamos rapazes e homens a serem mais conscientes emocionalmente e a cultivarem o bem-estar emocional, eles podem tornar-se melhores pais, deixando para trás o papel exclusivo de disciplinadores e fornecedores de rendimento financeiro e afirmando-se como contribuintes decisivos do seu bem-estar emocional”.
Os investigadores dão algumas dicas para os pais.

Se é homem e pai, tome nota

  • Não há problema em mostrar sentimentos. Isso ajuda a ser um pai melhor.
  • Os pais não devem ter medo de ser carinhosos, cuidadosos e ativos. Crianças e famílias só têm a ganhar com isso.
  • Seja um exemplo. As crianças que aprendem pelo exemplo usufruem mais da relação pai-filho, mas também aprendem a ser mais felizes em sociedade.
  • Há muitas maneiras de ser homem. O “durão” está associado a uma deficiente educação das crianças