O edifício dos 2.º e 3.º ciclos está aberto e as aulas decorrem, mas no edifício do centro escolar, onde um aviso no portão alerta para o facto de poderem não estar asseguradas as condições para o normal funcionamento das aulas e restantes serviços devido à greve, só o pré-escolar está a funcionar e não há aulas do 1.º ciclo.

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A poucos minutos do início das primeiras aulas da manhã, o portão de acesso ao edifício dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico já estava aberto e uma funcionária informava pais e alunos que, apesar de ser dia de greve, ia haver aulas.

"Estou surpreendido, porque esta escola costuma fechar em dias de greve [de pessoal não docente] e os meus filhos pensavam que iria fechar, mas está aberta", disse à agência Lusa Ismael Pereira, cujos filhos, do 5.º e 8.º anos, ficaram “aborrecidos”, por verem gorada a perspetiva de um dia sem aulas.

A notícia também surpreendeu Maria de Jesus, cujo filho, Francisco, de 12 anos, aluno do 6.º ano, “ficou triste” porque ter aulas.

"Estou bastante surpreendida, porque estava à espera que a escola estivesse fechada, mas está aberta", confessou à Lusa Maria de Jesus, contando que "até já tinha pensado" que, antes de ir trabalhar, "teria de voltar a casa para deixar o filho com a avó".

O aviso colocado no portão do centro escolar deixou pais na incerteza sobre os efeitos da greve e Joaquim Estanque, cuja filha, de seis anos, frequenta o primeiro ano, ficou "chateado", porque começou a trabalhar mais tarde, por ter esperado quase até às 09:00 para ter a certeza de que iria haver aulas.

"Afinal, a miúda não vai ter aulas e ainda tenho de a ir deixar com a avó", disse Joaquim, contando que a filha ficou "chateada e triste", porque queria ter aulas hoje para terminar um trabalho para oferecer à mãe no Dia da Mãe.

Neste dia de greve do pessoal não docente, o caso deste estabelecimento de ensino de Beja, a funcionar a “meio-gás”, parece ser raro na região do Alentejo, onde “há muitas escolas encerradas e poucas a funcionar”, segundo disse à Lusa Joaquim Grácio, dirigente do Sindicato Dos Trabalhadores Da Administração Pública (Sintap).

O sindicalista, que é também dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), afeta à UGT, indicou que a adesão à greve no distrito de Beja ronda “os 90%”, enquanto, no distrito de Évora, cifra-se “em 90% no 1.º ciclo e jardim-de-infância e em 85% no secundário” e, no de Portalegre, “em 85%”.

Já o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, afeto à CGTP, disse à Lusa que a adesão ao protesto, no distrito de Évora, é "superior a 90%, com escolas sem funcionar um pouco por todos os concelhos”.

Margarida Machado, coordenadora distrital de Évora do sindicato, realçou que "há escolas com os portões abertos, mas não estão a funcionar", devido à adesão à greve de auxiliares e assistentes técnicos.

Os trabalhadores não docentes fazem greve contra a falta de pessoal nas escolas, a precariedade, os baixos vencimentos e as condições da carreira, exigindo o regresso de uma carreira especial interrompida há uma década.