Em Portugal, "as crianças continuam a não ver respeitados os seus direitos", sustenta Manuel Almeida dos Santos, da Amnistia Internacional, referindo "a negligência" como o primeiro fator de risco. "Em Portugal, como em muitas partes do mundo, as crianças continuam a não ver respeitados os seus direitos constantes na Convenção dos Direitos das Crianças, de que Portugal é Estado-parte e está obrigado a cumprir", frisa o coordenador do Cogrupo sobre os Direitos das Crianças da Amnistia Internacional-Portugal.p> "Neste momento, acabamos por concluir que os dados são muito preocupantes", realça Manuel Almeida dos Santos, em declarações à agência Lusa, falando mesmo num “quadro negro”. “A negligência” é o primeiro fator de risco, diz. “O direito a ser acompanhado, pela família e pela sociedade, é aquele que está mais em risco de não ser respeitado”, indica. Segue-se a “exposição a modelos de comportamento desviante”, acrescenta o ativista, recordando que “muitos dos jogos de computador, muitos dos desenhos animados” representam “situações de violência, de ódio, de agressão, de morte”. Em terceiro lugar surgem os “maus tratos psicológicos e físicos e o abandono escolar”, acrescenta. Apesar de todos os documentos internacionais e leis nacionais proibirem os castigos físicos, “continuamos a assistir na sociedade a uma certa permissividade”, presente na ideia de que “uma palmada na altura certa não faz mal nenhum”, critica. “O castigo físico não tem qualquer valor pedagógico, bem pelo contrário, induz a existência de traumas e afetará a criança no seu desenvolvimento”, contrapõe adiantando que "todos estes fatores são da responsabilidade da comunidade". Segundo o coordenador, a escola, os professores, os funcionários e os pais são responsáveis pelas crianças, mas não são donos delas. "A criança em si é um sujeito de direitos, tem direitos próprios. Ninguém é dono de uma criança”, sustenta. Fonte: Lusa
21 de novembro de 2011