A iniciativa é da Associação Portuguesa para a Igualdade Parental e Direitos dos Filhos, que lançou em 2012 uma petição para a criação deste dia nacional, que vai ser assinalado com iniciativas em várias cidades do país.
A petição teve um parecer positivo da Subcomissão parlamentar de Igualdade, mas não foi a votação em plenário da Assembleia da República, disse à agência Lusa o presidente da associação.
“O que nos aconselharam foi a comemorar o dia de forma a torná-lo um facto e para que a Assembleia da República tenha mais vontade política para reconhecer oficialmente esse dia”, adiantou Ricardo Simões.
Apesar de já existir o Dia Internacional de Consciencialização para a Alienação Parental, comemorado a 25 de abril, a associação considerou que “era necessário haver um dia nacional”, em que fossem realizadas iniciativas para alertar e consciencializar para a alienação parental.
Uma maior consciencialização poderá conduzir a “uma maior intervenção da própria comunidade para evitar este tipo de comportamentos que são, para nós, maus-tratos sobre as crianças”, sublinhou.
Ricardo Simões disse não haver um aumento destes casos: “O que existe é a manutenção deste fenómeno e isso não pode continuar a acontecer”.
“Nem todos os conflitos parentais resultam em alienação parental, mas é sistemático este comportamento e não temos nem instituições, nem profissionais suficientes com conhecimento para intervir nesta matéria”, alertou.
A alienação parental “é um comportamento, promovido consciente ou inconscientemente por um dos progenitores ou outro adulto em quem a criança confia, com o objetivo de eliminar ou distorcer a imagem de um progenitor em relação a outro nas situações de separação ou divórcio, conflituoso ou não”, refere a associação.
Como consequência, as crianças poderão ter dificuldades em estabelecer relações de confiança, ter baixa tolerância à raiva e à hostilidade, ter problemas de sono e alimentação, ter sentimentos de culpa, comportamentos desviantes ou desenvolver doenças psiquiátricas.
Para combater a alienação parental, Ricardo Simões disse que o primeiro passo “é o reconhecimento que existe este fenómeno”, mas também formar profissionais que possam intervir atempadamente nestas matérias.
Também “tem que haver uma intervenção célere dos profissionais, dos tribunais e das instituições de saúde para que esses comportamentos não continuem”.
“Em termos de intervenção o problema não é a criança, mas o progenitor alienador”, sobre o qual se tem de intervir para evitar que a criança sofra maus-tratos, defendeu.
A escolha do dia tem que ver com o caso de um pai que foi assassinado a 05 de fevereiro em 2011 pelo sogro, no decorrer de uma visita parental.
Na altura do assassinato, o homicida tinha a neta ao colo, que assistiu assim à morte do pai.
“Foi assassinado por querer ser pai, pelo amor à sua filha, pela luta desigual. Luta continuada atualmente pelos seus pais, avós da criança, que pretendem ver respeitado o direito da sua neta à convivência com a família paterna”, adianta a associação.
Lusa
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