As crianças e jovens seropositivos da Casa Sol, que correm o risco de ficar sem teto em abril, enviaram hoje uma carta ao papa Francisco a pedir-lhe ajuda para as obras necessárias para poderem habitar a nova casa.

 

A atual casa, situada na Tapada da Ajuda, onde vivem 14 crianças e jovens com idade entre os oito e os 19 anos, foi cedida pela Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa, mas o protocolo de cedência do espaço termina em abril de 2015, altura em que vão ter de deixar a casa.

 

A presidente da Associação Sol, Teresa D´Almeida, disse recentemente à agência Lusa que as crianças e os jovens “estão aterrorizados” com a ideia de serem separados por terem de sair da casa.

 

“Se a Sol acaba, qual será o futuro destas crianças”, questiona Teresa d´Almeida, lembrando que “estes meninos não têm mais ninguém”.

 

Segundo a associação, a ARS já se mostrou disponível para ceder outras instalações para receber a Sol, embora ainda não tenha formalizado essa cedência.

 

No entanto, a nova casa precisa de obras de fundo e a associação não tem capacidade financeira para recuperar o imóvel.

 

Perante este problema, os jovens decidiram escrever uma carta ao papa Francisco e expor a situação em que se encontram.

 

“Vivemos nesta casa como uma verdadeira família e estamos muito preocupados porque daqui a menos de um ano ficamos sem a casa onde sempre vivemos”, escrevem os jovens na missiva.

 

Os jovens afirmam que, se não conseguirem apoios, o futuro da sua família (da Casa Sol) estará em risco: “Apesar de sermos crianças seropositivas, não significa que não tenhamos capacidades para termos um bom emprego e constituir família, por isso, pedimos que nos ajude a realizar as obras na casa que nos vai ser cedida pela ARS”.

 

Fundada em 1992, a Casa Sol acolhe crianças que nascem seropositivas, que “são negligenciadas, abandonadas, tomam medicamentos várias vezes por dia, toda a vida” e são sujeitos a internamentos prolongados.

 

“Nesta casa, onde as crianças são as donas da casa e não há limite de idade para permanecer, a aposta passa pelos afetos, segurança e sentimento de pertença a uma família”, refere a associação.

 

Por Lusa