Estas são algumas das conclusões do relatório “Education at a Glance 2021”, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com base em dados dos 37 países membros da OCDE e nas economias parceiras.
“Em média, nos países da OCDE, espera-se que uma criança de uma família desfavorecida leve cinco gerações para atingir o rendimento nacional médio”, alerta o estudo da OCDE, sublinhando a importância de haver formação de professores para que saibam lidar com a diversidade que encontram quando chegam à sala de aula.
Durante a pandemia de covid-19, o fosso entre alunos favorecidos e carenciados aumentou, mas o relatório aponta medidas implementadas pelos países que podem minimizar a situação.
O estudo sublinha “a importância de começar cedo, para que as crianças, principalmente as de origens desfavorecidas, possam adquirir bases sólidas, incluindo habilidades cognitivas, sociais e emocionais e um hábito sustentado de aprendizagem que os conduzirá ao longo da vida".
Outra das medidas é investir na formação de professores para que desenvolvam a capacidade de compreender as necessidades individuais dos alunos e consigam adaptar as estratégias de aprendizagem a cada uma das crianças e jovens.
No entanto, apesar de a grande maioria (94%) dos professores ter participado em atividades de desenvolvimento profissional no último ano, “apenas cerca de 20% relataram ter participado em treino sobre ensino em ambiente multicultural ou multilingue, com variações significativas entre os países”, alerta o estudo.
O ensino à distância é outra das ferramentas a usar, uma vez que durante a pandemia se revelou “mais interativo para os alunos”, permitindo aos professores entender melhor como diferentes alunos aprendem de maneira diferente.
A OCDE sublinha que o sucesso está também dependente do “conhecimento e confiança que os professores têm ao utilizar a tecnologia e integrá-la na educação é essencial”.
O estudo recorda que para as pessoas de origens desfavorecidas continua a ser mais difícil não desistir de estudar e ter um bom desempenho escolar, assim como entrar no mercado de trabalho ou conseguir fazer formação ao longo da vida.
As origens socioeconómicas, a formação dos pais e o facto de serem nativos ou imigrantes continuam a ser fatores que influenciam o desempenho e trajeto escolar.
Em Portugal, ainda são muitos os adultos com baixa escolarização. Portugal surge ao lado da Colômbia, Costa Rica, Turquia e México como os cinco países com mais adultos sem o ensino secundário.
No ano passado, 21% dos adultos da OCDE entre os 24 e os 64 anos não tinham terminado o secundário, enquanto em Portugal a percentagem rondava os 40%.
Conseguir que estas pessoas voltem a estudar nem sempre é fácil. O relatório salienta que quem tem mais formação tem também mais interesse em voltar a estudar: em média, nos países da OCDE, a participação na aprendizagem de adultos por indivíduos com menos qualificações está 40 pontos percentuais abaixo dos adultos altamente qualificados.
Também é mais habitual ver um jovem entre os 25 e os 34 anos de volta aos bancos da escola, já que os mais velhos têm 25% menos probabilidades de voltar a estudar.
No relatório, Portugal aparece como um dos países que teve o maior aumento de jovens entre os 25 e os 34 anos que continuaram a estudar depois de terminar o ensino obrigatório.
Entre 2010 e 2020, a média da OCDE foi de 9%, mas em Portugal a média foi 15 pontos percentuais acima.
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