“Perdemos 4,1 milhões de contratos temporários e isto mostra inclusive quem são as primeiras vítimas desta crise: são os jovens, que estão precisamente com contratos temporários”, disse o comissário europeu do Emprego, Nicolas Schmit.
Falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, na apresentação de um relatório sobre o impacto da pandemia de covid-19 no mercado de trabalho, Nicolas Schmit precisou que “o desemprego juvenil [entre os 15 e os 24 anos] aumentou muito mais rapidamente do que o desemprego em geral porque aumentou de 14,9% para 17,1%”, isto entre março e setembro deste ano.
“Estes são dados dramáticos porque temos 5,4 milhões de jovens desempregados, à procura de trabalho, ou simplesmente fora do mercado de trabalho”, destacou o responsável.
Segundo o comissário europeu, o aumento do desemprego em geral tem sido mais “moderado”, ao se ter registado uma subida de 6,4% em março para 7,5% em setembro, dados que têm em conta a adoção de regimes de tempo de trabalho reduzido e de outras medidas semelhantes.
Ainda assim, “estamos à espera de maiores impactos nos próximos meses”, admitiu Nicolas Schmit, sustentando que, “devido à situação do mercado laboral e às circunstâncias da pandemia, as pessoas não vão à procura de trabalho, o que acarreta tremendas consequências em termos de rendimentos e pobreza”.
Aludindo aos dados do relatório, o comissário europeu do Emprego concluiu que “a pandemia atingiu especialmente funcionários em situações não convencionais de emprego e mais do que tudo trabalhadores temporários e com menos qualificações”.
Ainda no que toca ao desemprego juvenil, o relatório hoje divulgado no âmbito do pacote de outono do Semestre Europeu refere que Portugal é o nono pior país da UE com uma taxa mais elevada, que se fixou em 25,3% no final do terceiro trimestre deste ano após 19,3% no final do primeiro trimestre.
Os países com pior taxa de desemprego juvenil são Espanha, Grécia, Itália, Suécia e Croácia.
No relatório, a Comissão Europeia alerta ainda que, “devido à covid-19, os Estados-membros podem estar a enfrentar uma possível crise prolongada de emprego juvenil que exige novas respostas políticas”.
“A experiência da crise económica anterior cria motivos de preocupação”, alerta ainda o executivo comunitário.
Para que os Estados-membros possam apoiar as suas economias face à crise gerada pela covid-19, a Comissão Europeia propôs uma suspensão inédita das regras de disciplina orçamental, através de uma ativação da cláusula geral de salvaguarda, aprovada pelos ministros das Finanças da UE, e que vigorará pelo menos até final de 2021.
Comentários