“Presencial é muito melhor, explica-se melhor e não tem os problemas do computador, acho que é muito bom voltarmos”, disse à Lusa Pedro Duarte, de 17 anos, que se encontrava junto ao portão a aguardar pela hora da entrada nesta escola do distrito de Setúbal.

Desta vez a campainha não tocou, mas o portão abriu-se às 09:20 com a coordenação das assistentes operacionais, para que os estudantes formassem uma fila para desinfetar as mãos e recebessem uma máscara, no caso de não terem.

“Meninos mantenham a distância e a máscara, mas vocês não vêm televisão?”, ia alertando a coordenadora operacional Maria Santos, de 55 anos.

Para o aluno do 12.º ano, Pedro Duarte, as aulas ‘online’ “foram uma boa ajuda” durante o estado de emergência, mas voltar à escola é fundamental para “uma melhor preparação para os exames”.

Além disso, tem uma perspetiva muito prática em relação à nova realidade escolar, em que é obrigatório usar máscara e não pode haver muito contacto com os colegas.

“Acho que é algo que temos de nos habituar, porque há muita coisa que vai mudar a seguir a esta quarentena e temos de nos habituar a isso”, defendeu.

Já o estudante David Ferreira, de 18 anos, dividia-se entre o entusiasmo do regresso, porque “dois meses em casa custam, sem poder sair e apanhar ar fresco”, e a preocupação por não poder ver todos os seus amigos.

“É fundamental regressar, mas vai ser muito condicionado e não vamos poder estar com a maior parte da nossa turma. Se calhar há gente que eu gostava de estar e não vou estar, mas pronto”, lamentou.

Para o diretor da escola, António Carvalho, este reinício de aulas presenciais “foi muito positivo e os alunos corresponderam”, apesar de haver “pequenas coisas a acertar”.

“Um bom exemplo é que na entrada tínhamos dois dispensadores do mesmo lado e rapidamente nos apercebemos que os alunos com máscara podiam entrar por um lado e os que não tinham por outro. Ajustamos o espaço nos primeiros três minutos e a coisa começou a fluir na perfeição”, referiu.

De acordo com o responsável, hoje de manhã estiveram presentes cerca de 80 alunos, o que corresponde a 70% dos estudantes que “deviam entrar nas instalações”, apesar de nunca poderem estar mais do que 140 estudantes por turno.

“O dia de hoje destes alunos é estarem na sua mesa até às 12:00, que é quando termina o turno da manhã, depois saem e o dia de trabalho na escola para eles terminou. Na escola, as assistentes operacionais farão a desinfeção da sala e à tarde, às 13:00, entra um novo turno que estará connosco até às 17:00”, explicou.

Vista de fora, a João de Barros quase parece moderna e com boas condições, mas a realidade é que está em obras há mais de dez anos e a maior parte das aulas são lecionadas em contentores.

Nesta matéria, os alunos dividem-se e enquanto David Ferreira considera que “os contentores não têm as melhores condições”, Pedro Duarte referiu que “até têm uma boa temperatura” e que já estão habituados “a viver neste ambiente”.

Já o presidente da Associação de Pais, José Lourenço, destacou a "capacidade de adaptação" da escola, mas considerou que as aulas deveriam ter continuado a partir de casa.

“Temos aqui uma escola em construção que ocupa 70% do espaço e está em construção há dez anos. Nós temos aqui cerca de 1.300 alunos, mais professores e funcionários, que estão a funcionar em 30% do espaço desta escola”, criticou.

As obras iniciaram-se em 2009, mas foram interrompidas pouco tempo depois por insolvência do empreiteiro, voltando a parar no ano passado por “litigância do empreiteiro e do dono da obra”, segundo o diretor.

Ainda assim, na semana passada António Carvalho garantiu à Lusa que estavam prontos para abrir a escola porque “inventam soluções sem recursos” há dez anos.

“Toda a experiência que temos tido ao longo do tempo, de lidar com situações imprevisíveis ou inventar soluções sem recursos, hoje está a ser-nos bastante útil para encontrarmos a solução mais ajustada às circunstâncias em que vivemos”, defendeu, na ocasião.

Segundo o responsável, o novo concurso público já foi lançado e há a expectativa de que “em setembro ou outubro se consiga retomar as obras”.

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