O consumo de tabaco continua a ser responsável pela morte anual de 6 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Muitas terão adquirido este hábito no fim da infância, quando fumar é uma questão de afirmação de maturidade.
Com que idade é que a maioria das pessoas começa a fumar? A CNN foi atrás de respostas. No site desta estação, um extenso artigo revela que, nos Estados Unidos e em grande parte da Europa, os jovens começam a fumar entre os 15 e os 16 anos – 15,3 anos foi a idade média apurada por um relatório norte-americano de 2014.
Em todos os países europeus, as taxas de iniciação ao tabagismo situam-se entre os 16 anos – no caso dos rapazes – e os 15 para as raparigas, segundo um estudo publicado na revista científica PLOS On que se focou na década de 2000.
“Tudo indica que as raparigas começam a fumar mais cedo porque elas amadurecem mais cedo”, declarou o principal autor da pesquisa, Alessandro Marcon, que é também professor na Universidade de Verona, Itália. “A puberdade pode aumentar a distância entre a maturidade física e social nas faixas mais jovens, levando a comportamentos nocivos como o fumo, que são considerados adultos", disse Marcon, citado pela CNN.
O estudo, financiado pelo programa Horizonte 2020 da União Europeia, usou dados de seis investigações reunidas pelo consórcio Aging Lungs in European Cohorts e incluiu quase 120 mil indivíduos de 17 países. Tais dados permitiram aos investigadores analisar as tendências do tabagismo entre 1970 e 2009 em quatro regiões distintas: Norte da Europa (aqui circunscrito à Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia e Reino Unido), Europa Oriental (Estónia, Macedónia e Polónia), Europa do Sul (Portugal, Itália e Espanha), e Europa Ocidental (Bélgica, Holanda, França, Alemanha e Suíça).
Em 2005, as taxas de iniciação durante o final da adolescência eram mais baixas nos rapazes e raparigas do norte da Europa – 20 experiências anuais com tabaco por cada 1000 adolescentes. As taxas mais elevadas verificavam-se entre os rapazes do sul da Europa – 80 iniciações por cada 1000 adolescentes. “Não foi nenhuma surpresa ver taxas mais baixas nos países do norte da Europa, que estão na vanguarda das políticas de controlo do tabaco e nas pesquisas sobre os malefícios do mesmo”, sublinhou o italiano Alessandro Marcon.
Os investigadores descobriram ainda que as taxas de iniciação ao fumo entre adolescentes mais velhos caíram substancialmente entre 1970 e 2009 em toda a Europa, exceto no Sul, onde este declínio parou depois de 1990. Perceberam ainda um aumento acentuado do consumo de tabaco entre jovens após 1990 para ambos os sexos, entre os 11 e os 15 anos, em todas as regiões da Europa, exceto no Norte.
James Sargent, professor de pediatria na Escola de Medicina Dartmouth Geisel, no New Hampshire, EUA, tem algumas dúvidas sobre esta pesquisa. Citado pela CNN o responsável defende que “ela tem menos a ver com a experimentação e mais com o fumo regular entre adolescentes que, em adultos, tornam-se efetivamente fumadores”. E reforça que “estes dados provavelmente seriam diferentes se o estudo medisse as taxas de tabagismo entre as atuais crianças norte-americanas”. Eis os seus argumentos: “As crianças fumam menos nos EUA do que na Europa, e os adultos fumam menos nos EUA do que na maioria dos países europeus”, afirmou Sargent, que não participou no estudo, mas conduziu uma pesquisa sobre o controlo do tabaco. “Os estados e as autoridades locais deste país fizeram um bom trabalho, trazendo o tema para a agenda políticas, através da implementação e reforço de leis e impostos”.
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