Com cartazes onde se podia ler “obras sim, amianto não”, os jovens gritaram palavras de ordem ao longo dos cerca de dois quilómetros entre a vila de Camarate e a escola denunciando as condições em que estudam.
“O amianto mata”, “Perigo amianto” e “A escola precisa de ajuda” eram alguns dos cartazes empunhados pelos jovens e encarregados de educação com a frase “Os pais de Camarate não podem esperar. O amianto tem de acabar” a encabeçar a marcha do movimento.
“É um grito de alerta. Já há nove anos devia ter sido feita a remoção do amianto, assim o diz a lei, e, nestes nove anos, nenhum Governo foi capaz de fazer a intervenção de fundo nas escolas”, disse à Lusa o presidente da Associação de Pais do Agrupamento D. Nuno Álvares Pereira, Ricardo Oliveira.
De acordo com o representante dos pais, o Ministério da Educação “responde sempre que a escola está contemplada no plano de intervenção”, mas até agora “nada aconteceu”, numa escola com pavilhões “há quase 40 anos em estado provisório, que passaram a definitivo”.
“O amianto é a ponta do icebergue pois o resto das condições da escolas são muito degradadas e contém igualmente materiais que prejudicam a saúde de quem nela trabalha e estuda”, frisou Ricardo Oliveira.
Já André Julião, do Movimento Escolas Sem Amianto, sublinhou estar em causa “uma escola extremamente degradada, com pavilhões de madeira em péssimo estado, degradados há mais de 30 anos”.
“Há professores que andam de martelo na mão a pregar ripas de madeira para os tetos falsos não caírem em cima dos alunos”, denunciou, salientando que o estado de degradação é tal que se torna “impossível ensinar e aprender com dignidade”.
André Julião refere igualmente que a escola está “sinalizada como prioritária, mas continua a não ter intervenções”, instando o ministro da Educação a ir visitar o parque escolar antes de tomar a opção de os “alunos ficarem mais tempo nos estabelecimentos de ensino”.
Pela Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, Íria Moreira explicou à Lusa que a meta de retirar o amianto dos edifícios públicos, onde se incluem as escolas, até 2020, “além de não ser possível, seria até perigoso porque poderia potenciar erros na sua remoção”.
“Importante é identificar situações prioritárias e nessas agir imediatamente. E esta é prioritária”, afirmou, acrescentando que a escola em questão já foi intervencionada, tendo sido “removida parte do amianto” e “deixada outra parte”.
Íria Moreira adiantou que a escola deverá ser intervencionada numa pausa letiva, lembrando a existência de telhas “em muito mau estado” que vão sendo levantadas em intempéries, levando a “remendos com chapa de zinco, que potencia a libertação destas fibras”.
O objetivo principal da marcha foi alertar para a presença de materiais muito degradados contendo amianto em várias estruturas da escola, nomeadamente em pavilhões em madeira com mais de 30 anos que nunca sofreram obras de requalificação.
A marcha juntou alunos, pais, professores, funcionários não docentes e representantes da associação de pais, do Movimento Escolas Sem Amianto (MESA) e da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, além da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua.
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