Uma revisão de dados recolhidos em todo o mundo encontrou evidência de um pequeno aumento em altura – cerca de 0,5 centímetros – em crianças com menos de cinco anos, residentes em domicílios com saneamento básico.

 

O crescimento deficitário afeta 265 milhões de crianças em todo o mundo, com impactos na saúde a longo prazo.

 

A evidência, originária de 14 estudos que envolveram cerca de 10 mil crianças, foi liderada pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e da organização internacional WaterAid.

 

Doenças repetidas
Alan Dangour, nutricionista da saúde pública do LSHTM que liderou o estudo, declarou à BBC News que o fornecimento de água potável, o saneamento e a higiene são formas eficazes de reduzir o número de mortes associadas a sintomas como a diarreia.

A análise sugere, pela primeira vez, que um melhor acesso a estes serviços básicos também pode ter um pequeno impacto, embora importante, no crescimento das crianças.

«O que descobrimos, pela reunião de toda a evidência, pela primeira vez, é que há uma sugestão de que todas estas intervenções melhoram o crescimento das crianças e isto é muito importante», afirmou à estação britânica.

«Esta é a primeira vez que se mostra uma prova que realmente apoia as intervenções para o fornecimento de água limpa e de condições higiénicas básicas para melhorar o crescimento.»

Também afirmou haver uma clara ligação entre uma criança beber água suja, ficar com diarreia e ter um crescimento físico deficitário, porque episódios repetidos de doença durante o início da infância pode comprometer o crescimento.

 

 

O flagelo da desnutrição

«Faz todo o sentido haver uma ligação entre o consumo de água suja, a diarreia e os resultados do crescimento mas é interessante que tal nunca tenha sido antes demonstrado», declarou Alan Dangour. «Metade de um centímetro não parece muito, mas nas nossas estimativas esse aumento no crescimento equivale a uma redução na desnutrição de cerca de 15 por cento, o que é muito importante.»

 

Comentando a investigação, Francesco Branca, diretor de nutrição para a saúde e desenvolvimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse: «Esta avaliação mostra que uma abordagem multifacetada é o caminho a seguir – reunindo ações para melhorar a qualidade e a segurança dos alimentos, bem como alimentação e cuidados prestados às crianças, com os outras ações para prevenir e tratar infeções e melhorar o ambiente em casa – para enfrentar o flagelo da desnutrição crónica.»

 

Um défice no crescimento em altura, ou nanismo, afeta 165 milhões de crianças em todo o mundo, aumentando o risco de morte e reduzindo a produtividade na vida adulta, de acordo com a OMS.

 

A subnutrição é a causa de 3,1 milhões de mortes por ano – quase metade de todas as mortes em crianças menores de cinco anos.

 

 

Maria João Pratt

Fonte: BBC News